ELEIÇÃO EM SP

Você sabe o que fazia o marqueteiro de Nunes que levou um soco no debate?

Duda Lima ganhou o noticiário após ser agredido por assessor de Marçal e sair sangrando. Agora, vêm a público suas atividades políticas de um passado recente

O marqueteiro Duda Lima após agressão cometida pelo assessor de Pablo Marçal.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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O debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo já estava no fim, na noite de segunda-feira (23), quando um assessor de Pablo Marçal (PRTB), identificado como Nahuel Medina, desferiu um soco direto no rosto do marqueteiro Duda Lima, que trabalha para Ricardo Nunes (MDB), em pleno backstage do Esporte Clube Sírio, onde era realizado o evento organizado pelo Grupo Flow. A cena do homem de camiseta preta e o rosto sangrando circulou o mundo e rapidamente tornou-se mais um dos símbolos do baixo nível da campanha eleitoral deste ano.

O que pouca gente sabe é sobre a carreira profissional de Duda. O problema parece estar justamente aí. Por conta de um dos cargos que exerceu, ele passou a figurar num documento importantíssimo da história recente do Brasil: o relatório da CPI da tentativa de golpe do 8 de janeiro de 2023. Sim, seu nome está lá e aparece oito vezes.

Duda era marqueteiro de Jair Bolsonaro (PL) na campanha presidencial de 2022, da qual o líder da extrema direita brasileira saiu derrotado para o presidente Lula (PT). Sua identidade passou a entrar no radar dos investigadores da intentona golpista após o depoimento do hacker Walter Delgatti, aquele que ficou famoso pelo episódio conhecido como “Vaza Jato”.

Em seu depoimento na CPI da tentativa de golpe, Delgatti disse a parlamentares que se reuniu com o marqueteiro Duda Lima para definir um plano de ação para descredibilizar as urnas eletrônicas usadas no país, e por consequência a lisura do processo eleitoral. O homem acusado pelo hacker era o responsável pela propaganda eleitoral do “mito”. A acusação feita por Delgatti, aliás, é muito mais grave: ele teria sido procurado pela deputada bolsonarista Carla Zambelli para ir a uma reunião com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, com o referido marqueteiro que agora levou um soco e com o próprio então presidente da República, Jair Bolsonaro.

A estratégia, segundo o acusador, consistiria em fazer um vídeo fraudulento, utilizando uma urna eletrônica disponibilizada pela OAB, para mostrar falsamente, após uma “invasão” ao sistema realizada por Delgatti, que o aparelho não era confiável, já que a manobra fake mostraria um número sendo digitado e outro aparecendo na tela. Tudo seria então exposto numa campanha massiva no 7 de setembro de 2022.

A CPI da tentativa de golpe chegou a expedir dois requerimentos contra Duda, para que seus sigilos telefônico e telemáticos fosse quebrados, mas o colegiado não autorizou. Desde a época das acusações ele vem reiteradamente dizendo que não tem qualquer envolvimento com esses fatos.

"Se eu tiver um sósia, preciso conhecer. Nunca participei de reunião com Carla Zambelli e esse rapaz, nem com Valdemar. Encontrei com esse rapaz na escada do partido, não sabia quem ele era e nem quem estava com ele... Quando ele me disse quem ele era, desconversei, pulei fora”, rebateu Duda.

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