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Gusttavo Lima pode ser preso ao desembarcar no Brasil; desembargador se recusa a analisar HC

Enquanto o sertanejo bolsonarista curte férias forçadas em Miami, advogados de defesa entraram com habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE) pedindo a revogação da prisão preventiva.

Gusttavo Lima e Jair Bolsonaro.Créditos: Facebook / Gusttavo Lima
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Foragido da Justiça, o cantor sertanejo Gusttavo Lima pode ser preso assim que desembarcar no Brasil. Apoiador de Jair Bolsonaro (PL), ele foi incluído nesta terça-feira (24) no sistema de alerta da Polícia Federal (PF).

Na prática, ao ser incluído no Sistema de Tráfego Internacional (STI), o cantor pode ser preso ao passar por qualquer ponto de migração do país, como portos, aeroportos e nas fronteiras terrestres.

Gusttavo Lima teve a sua prisão preventiva, que não tem prazo para terminar, decretada na tarde desta segunda-feira (23), por suspeita de ter ajudado José André da Rocha Neto (dono da casa de apostas VaideBet) e sua esposa, Aislla Rocha, a ficaram fora do país.

Os dois são investigadas na Operação Integration. A operação é a mesma que prendeu a advogada e influenciadora Deolane Bezerra, posta em liberdade também nesta segunda-feira.

No despacho, a juíza afirma que “é imperioso destacar que Nivaldo Batista Lima [nome verdadeiro de Gusttavo Lima], ao dar guarida a foragidos, demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça. Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas. A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado”.

Após ter sua prisão decretada, Gusttavo Lima confirmou que se encontra em Miami, nos Estados Unidos. 

Ele teria deixado o Brasil horas antes da prisão ser decretada pela Justiça de Pernambuco e manobra para tentar um habeas corpus para voltar ao país ser ir para a cadeia.

Habeas corpus

Enquanto o sertanejo curte as férias forçadas em Miami, advogados de defesa entraram com habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE) pedindo a revogação da prisão preventiva.

Na noite desta segunda-feira, o  desembargador Ricardo Paes Barreto alegou que Lima "não se desincumbiu de demonstrar a impossibilidade objetiva de protocolamento do presente habeas corpus no horário normal do expediente", e que por isso ele deixaria de "conhecer do pedido em sede de plantão".

A recusa em julgar o HC fez com que os advogados Matteus Beresa de Paula Macedo, Delmiro Dantas Campos Neto e Luiz Fabio Rodrigues Carvalho de Souza entrassem com pedido de análise no plenário da corte, que ainda não pautou o julgamento.

O que diz o sertanejo?

Em nota à imprensa, Gusttavo Lima afirma que é inocente e que “acredita na Justiça brasileira”. 

“A defesa do cantor Gusttavo Lima recebeu na tarde desta segunda-feira (23/09), por meio da mídia, a decisão da Juíza Dra. Andréa Calado da Cruz da 12ª Vara Criminal de Recife/PE que decretou a prisão preventiva do cantor e de outras pessoas e esclarece que as medidas cabíveis já estão sendo adotadas.

Ressaltamos que é uma decisão totalmente contrária aos fatos já esclarecidos pela defesa do cantor e que não serão medidos esforços para combater juridicamente uma decisão injusta e sem fundamentos legais.

A inocência do artista será devidamente demonstrada, pois acreditamos na Justiça brasileira. O cantor Gusttavo Lima jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento de nosso país e não há qualquer envolvimento dele ou de suas empresas com o objeto da operação deflagrada pela polícia pernambucana.

Por fim, esclarecemos que os autos tramitam em segredo de Justiça e que qualquer violação ao referido instituto será objeto e reparação e responsabilização aos infratores”, diz o comunicado.

Lavagem de dinheiro

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decretou, nesta segunda-feira (23), a prisão do cantor Gusttavo Lima. A decisão ocorre no âmbito da Operação Integration, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro por meio de jogos de apostas online.

A influenciadora Deolane foi presa no âmbito da mesma investigação, que agora determinou a prisão de Gusttavo Lima.

O mandado de prisão preventiva contra Gusttavo Lima foi expedido pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife. A decisão ocorre após o Ministério Público devolver o inquérito à Polícia Civil, solicitando a realização de novas diligências e recomendando a substituição das prisões preventivas por outras medidas cautelares.

Deflagrada no dia 4 de setembro, a Operação Integration resultou na prisão da influenciadora Deolane Bezerra e de outras pessoas suspeitas de integrarem um esquema de lavagem de dinheiro. No mesmo dia em que a operação foi deflagrada, a Polícia Civil de São Paulo apreendeu um avião que pertencia à empresa de Gusttavo Lima, a Balada Eventos.

Na ocasião, o cantor Gusttavo Lima usou as redes sociais para afirmar que não tinha mais relação com o avião apreendido. "O bebê não pode pegar uma semana de descanso! Estão dizendo aí que o meu avião foi preso, gente... Eu não tenho nada a ver com isso, me tirem fora dessa. Esse avião foi vendido no ano passado. Honra e honestidade foram as únicas coisas que sempre tive na minha vida, e isso não se negocia", declarou o sertanejo.

Viagem em iate bilionário à Grécia

Na decisão em que decretou a prisão preventiva do cantor Gusttavo Lima, por suposto envolvimento num esquema de lavagem de dinheiro em apostas esportivas, a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife (PE), mencionou como um de seus argumentos para a detenção do sertanejo a viagem de aniversário nababesca que ele fez pelo Mar Mediterrâneo, pela costa da Grécia, num iate avaliado em mais de R$ 1 bilhão, na qual esteve presente o principal investigado na Operação Integration, José André da Rocha Neto, dono da Vai de Bet, com quem o artista mostrou muita proximidade, para além da relação de negócios que mantém como empresário. A esposa de Rocha Neto, Aislla Sabrina Truta Henriques da Rocha, sócia do marido no empreendimento digital, também é investigada. Os dois estão foragidos.

No entanto, o que chamou a atenção no referido “rolê” pelas águas azuis-turquesa do Mediterrâneo Grego, que aconteceu nos primeiros dias deste mês de setembro, foi a presença de uma das maiores autoridades da República: o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal. A presença do magistrado da mais alta corte judicial do país no evento tornou-se um verdadeiro escândalo à época em que a notícia circulou na imprensa. Ele é um dos dois ministros considerados “bolsonaristas”, por ter sido indicado ao STF pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por sempre tomar decisões alinhadas à extrema direita. Gusttavo Lima é outro notório bolsonarista, cabo eleitoral do líder ultrarreacionário, crítico da Lei Rouanet, embora tenha celebrado vários contratos milionários com prefeituras de municípios minúsculos e pobres do Brasil para fazer shows públicos, além de um armamentista inveterado.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), foi outro medalhão do mundo político que esteve na embarcação dos sonhos que navegou nas proximidades da paradisíaca ilha de Mykonos.

Quando a informação sobre a presença de Nunes Marques surgiu na imprensa, a assessoria do ministro divulgou uma nota “explicando” porque ele foi à festa de Gusttavo Lima, embora a opinião pública não tenha aceitado muito bem o alegado

“O ministro está em Roma para um compromisso acadêmico e, como estava perto, passou para cumprimentar o cantor, que é amigo dele, por ocasião do aniversário”, justificou a assessoria de Kassio Nunes Marques na ocasião, embora Roma fique a quase 1.500 km de Mykonos.