MINAS GERAIS

VÍDEO: Vereadora do PT é agredida e presa ao cobrar informações sobre morte de criança quilombola

Karine Roza apurava suposta negligência da Secretaria de Saúde de Serro quando foi abordada de forma violenta pela PM

Vereadora Karine Roza é abordada de forma violenta pela PM.Créditos: Reprodução de Vídeo/Instagram
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A vereadora Karine Roza (PT) de Serro, cidade de Minas Gerais, foi algemada e colocada à força em uma viatura da Polícia Militar (PM), após cobrar informações da Secretaria de Saúde sobre a falta de assistência a uma criança quilombola de 7 anos, que faleceu há cerca de uma semana.

A situação ocorreu nesta sexta-feira (16) e Karine acompanhava a mãe da criança, que mora na comunidade quilombola de Ausente. No município, a vereadora é referência na luta pelas comunidades de quilombo. Ao questionar a postura negligente do município acerca do tratamento dado à criança, não recebeu qualquer informação

Segundo o Movimento Pelas Águas de Serro, a criança tinha problemas cardíacos e precisava de cirurgia. No dia 1° de agosto, o menino passou mal e nenhuma ambulândia foi fornecida para que a mãe o levasse a um hospital.

Ao não receber nenhuma informação sobre a conduta da Secretaria de Saúde, a indagou se caso a mãe da criança fosse uma mulher branca, da elite serrana de Minas Gerais, se ela não teria tido a assistência necessária para os cuidados com seu filho. 

Nesse momento, os funcionários acusaram Karine de os terem chamado de racistas e chamaram a Polícia Militar, que foi ao local e conduziu a vereadora de forma violenta para a viatura, como mostram imagens divulgadas nas redes sociais. "Eu falei que eu não ia [para a delegacia], que eu ia primeiro ao Ministério Público com a mãe que estava com a certidão de óbito. Em seguida, ele [o policial] me deu a voz de prisão e me tirou do carro à força", relata a vereadora em um vídeo em que também mostra hematomas pelo corpo

Na gravação, Karine também esclarece que apenas falou que o sistema é estruturado de forma racista. Nas imagens, ela aparece algemada enquanto esperava o exame de corpo de delito. A vereadora acrescenta que além de ter sido tratada com violência, também foi xingada de "petista vagabunda e psolita".

Nas redes sociais, parlamentares denunciaram o ocorrido e cobraram justiça para a vereadora. A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) apontou "fatores que evidenciam uma possível prisão por motivação política, o que deve ser repudiado de forma rigorosa pelas instituições democráticas".

A deputada estadual Andreia de Jesus (PT-MG) também se manifestou. Andreia afirmou que seu mandato já acionou o Ministério Público para apuração do caso. "A violência contra as mulheres não respeita cargo, não respeita título. Mas esses machistas não passarão", publicou. 

O que disse a ministra

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, classificou como "violência política de gênero" e "violência institucional" o ocorrido com a vereadora. "Um total absurdo a violência política de gênero e violência institucional cometida contra a vereadora Karine Roza, de Serro/MG, que estava exercendo seu papel de parlamentar ao cobrar o poder público após a morte de uma criança quilombola. Toda minha solidariedade e apoio a Karine. É inadmissível que cada vez mais mulheres em espaços de poder sejam alvo de perseguição", disse. 

Abaixo, veja o vídeo em que a vereadora denuncia o ocorrido.

A Fórum entrou em contato com a vereadora Karine, que relatou fortes dores no corpo devido à abordagem violenta. Ela disse, ainda, que está de repouso e que conversará com a reportagem na segunda-feira (19).