TRAGÉDIA

Voepass: funcionário alertou autoridades para risco de "desastre aéreo por fadiga”

Companhia aérea foi alvo de denúncias na Agência Nacional de Aviação Civil neste ano

Avião ATR-72 500 da VoePassCréditos: Alexandro Dias sob licença Creative Commons
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Um piloto da Voepass fez um depoimento em junho deste ano relatando péssimas condições de trabalho dentro da companhia, inclusive sensação de fadiga.

Em audiência pública da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o piloto Luís Cláudio de Almeida afirmou que passou por situações difíceis em seu horário de trabalho.

"Temos motoristas de ônibus, temos motoristas de caminhão, eles param, descansam 14 horas, e nós ficamos aí há 12 horas, às vezes sem condução para ir até o aeroporto", disse.

“Vocês da mesa já sentiram sono? Vocês sabem o que é divórcio? [...] Você quer chegar em casa e lavar a roupa. Você quer deitar, quer descansar", continuou.

Ele também relatou ser incomodado fora de horário de trabalho e comida de péssima qualidade. "Ficam trazendo comida fria, comida congelada ou, às vezes, comida que não é balanceada. Ou não pagaram a comissária. Não entra comida por quê? Não pagaram a comissária. Não tem comida. Meu Deus, o que eu faço? Eu tenho umas bolachinhas. Eu posso dividir com vocês".

O piloto concluiu com um grave alerta. “Então, não tenham na cabeça de vocês, ou da diretoria da Anac, conceito de crime, ou conceito de fadiga. Não quero que vocês amanhã durmam e falem: 'a culpa foi minha'. Eu peço que seja revisado isso para não ter nosso nome no mayday, não ter desastre aéreo por fadiga”, disse.

A empresa nega as acusações e diz que  "cumpre com todos os requisitos legais, considerando jornadas e folgas, de acordo com o regulamento brasileiro da Aviação Civil RBAC- 117”.

Com informações de g1.