A esteticista e influenciadora digital Natalia Fabiana de Freitas, dona da clínica onde Henrique da Silva Chagas morreu após um procedimento de peeling de fenol, assumiu que aprendeu a fazer o procedimento estético através de cursos livres pela internet.
A declaração foi dada pela advogada da esteticista durante depoimento para a Polícia Civil nesta quarta-feira (5). De acordo com a defesa, Natalia Fabiana de Freitas, que se identifica nas redes sociais como Natalia Becker, fez o curso com uma farmacêutica.
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"É um curso livre, qualquer pessoa pode fazer, inclusive a farmacêutica que deu o curso traz no próprio curso, na apostila, as quantidades, como pode ser usado e como tem que ser usado. É um procedimento simples", disse. A advogada também acrescentou que o tipo de fenol utilizado por Becker é "mais leve".
No entanto, o procedimento é considerado invasivo e agressivo pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que reforçou, em nota, que o peeling de fenol deve ser conduzido por médicos habilitados, preferencialmente em ambiente hospitalar, e com o paciente devidamente anestesiado e sob monitoramento cardíaco.
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"Devido ao uso de um composto tóxico absorvido pela pele e, consequentemente, pela corrente sanguínea, o procedimento exige precauções rigorosas. É possível que ocorram complicações, como dor intensa, cicatrizes, alterações na coloração da pele, infecções e até mesmo problemas cardíacos imprevisíveis, independentemente da concentração, do método de aplicação e da profundidade atingida na pele", explica a SDB.
Esteticista é indiciada
Após depoimento, Becker foi indiciada por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. O delegado Eduardo Luis Ferreira, o delegado, explicou à imprensa o motivo do enquadramento. "Não pelo fato da autora ter tido vontade do resultado morte, mas por ter aceitado, de certa forma, o risco de ter produzido a morte. O dolo direto é aquele que o agente quer e deseja o resultado, obviamente que não é essa situação, mas o dolo eventual é aquele que o agente acaba, de certa forma, aceitando, por conta dos fatos e das circunstâncias que permearam os acontecimentos, o resultado", afirmou.
Entenda o caso
Na tarde desta segunda-feira (3), o jovem Henrique da Silva Chagas, de 27 anos, morreu após passar por um peeling de fenol na clínica de estética de Becker, no bairro Campo Belo, na Zona Sul de São Paulo.
A vítima, que já cobiçava o procedimento estético há algum tempo, encontrou a clínica ideal e conversou com a influenciadora. Seguindo as instruções, o homem levou produtos para casa para se preparar para o procedimento. Na segunda, ele retornou à clínica para o procedimento. Segundo o marido da vítima, foram aplicados anestésicos na pele, anti-inflamatório e o fenol.
Logo após a aplicação, o homem começou a se sentir mal. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado, mas infelizmente, constatou que Henrique estava morto no local. A vítima buscava por um procedimento estético popular para tratar rugas e flacidez.
Peeling de fenol
O peeling de fenol envolve a utilização de um composto orgânico mais ácido que o álcool, resultando em uma reação inflamatória na pele. Esta inflamação leva a uma descamação da camada superficial da pele, o que poderia diminuir manchas e texturas.
O procedimento estético é geralmente considerado invasivo e intenso, prometendo rejuvenescer a pele e proporcionar uma aparência que parece dez anos mais jovem. O fenol, que é usado no procedimento, é cardiotoxico e pode levar a arritmias e até mesmo parada cardíaca, além de alergias e riscos para o fígado e o coração.