A cerveja holandesa Heineken foi fundada em 1863 por Gerard Adriaan Heineken na cidade de Amsterdã. Segundo a lenda – e também a divulgação da própria companhia – ela tem uma fórmula original, que é divulgada em todas as suas publicidades, que determina que a bebida seja produzida em 28 dias.
A coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, no entanto, descobriu documentos na sede brasileira que apontam que, desde 2021, a cerveja vem sendo produzida também em 21 e 23 dias.
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A própria Heineken afirmou que a produção “sempre foi de no mínimo 21 dias”, discurso que nega sua comunicação institucional. Segundo a coluna, a afirmação contrasta com os documentos dos testes feitos pela cervejaria, para avaliar o impacto que a redução teria no sabor final da cerveja.
A duração para a produção de 28 dias segue, segundo os papéis, um rígido cronograma. O tanque leva entre 12 e 24 horas para encher e o tempo de fermentação principal tem entre sete e oito dias.
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Para atingir o número específico de diacetil da fórmula, o tempo de armazenamento dura em torno de seis a oito dias. O diacetil é um aromatizante produzido na fermentação, presente em cervejas, vinhos e iogurtes, entre outros produtos.
Após isto, o tempo de fermentação e maturação deveria, segundo a receita original, ser maior ou igual a 14 dias. O corte de sete dias foi feito nesta última etapa, durante a maturação do fermento, que deveria durar de seis a oito dias.
A coluna de Amado ouviu em condição de anonimato funcionários que trabalham na empresa. Segundo eles, os testes para a mudança da fórmula original no Brasil começaram há pelo menos três anos e tem como objetivo suprir a demanda no país.
Em um primeiro momento, a produção foi reduzida de 28 para 23 dias para, a seguir, ser reduzida para 21 dias.
Tanques verticais
Há ainda uma outra alteração na fórmula original. A Heineken passou a fazer testes em tanques verticais, o que contraria a receita original e a divulgação da empresa, que enfatiza a produção em tanques horizontais — cuja pressão sob a Levedura A, ingrediente exclusivo da Heineken, seria determinante num “processo perfeito para o sabor único”.
A Heineken nega em nota a produção em tanques verticais, mas admite que “inúmeros testes são realizados diariamente em todas as unidades produtivas”.
Em nota enviada à coluna, a Heineken afirmou que “somente 4 das nossas 14 unidades têm capacidade para produzi-la (Jacareí/SP, Araraquara/SP, Alagoinhas/BA e Ponta Grossa/PR), justamente por serem as únicas com instalação de tanques horizontais. A realização pontual de testes não representa qualquer mudança no processo produtivo ou na receita original do produto”, disse a empresa.