OUTRA VEZ, NÉ

VÍDEO: Mulher que agrediu gays em padaria de SP é presa por atropelar pedestre

Acusada, que já disse ser da "família tradicional brasileira" e fez "arminha", fugiu do local e voltou minutos depois, embriagada, segundo a PM. Homem chega a apontar para faixa, mas ela acelera

Cena do atropelamento com a condutora Jaqueline Ludovico no destaque.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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Jaqueline Santos Ludovico, a mulher que ficou conhecida em todo o Brasil no começo do ano por agredir um casal gay numa padaria do bairro de Santa Cecília, em São Paulo, fazendo “arminha” com a mão, dizendo ser da "família tradicional brasileira" e insultando a todos no estabelecimento, foi presa na noite da última sexta-feira (14). Ela atropelou um homem de 32 anos que atravessava numa faixa de pedestres da Avenida Francisco Matarazzo, na Zona Oeste da capital paulista.

Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o pedestre cruza a via e ainda sinaliza, com uma boa distância do veículo, que está sobre a faixa, o que, portanto, deveria ser o suficiente para que a motorista freasse. No entanto, o que se vê é que Jaqueline continua acelerando e acerta o homem em cheio. Mesmo com a grave colisão, a condutora foge do local.

Segundo a Polícia Militar, ela retornou minutos depois, acompanhada da irmã, e nitidamente embriagada. Diante da circunstância, inclusive porque ela se negou a realizar o exame do bafômetro, a acusada foi detida e conduzida ao 91° DP (no Ceasa), onde o delegado determinou sua prisão, que posteriormente foi convertida pela Justiça em prisão domiciliar, pelo fato de Jaqueline ter filhos pequenos.

A vítima foi levada para o Hospital São Camilo de Santana e segundo a unidade ficou internado por algum tempo em observação. Honda HRV vermelho que a acusada dirigia foi recolhido pelas autoridades para realização de exames periciais.

Veja o vídeo do atropelamento:

Relembra o caso da padaria

Uma mulher completamente descontrolada, agressiva e repetindo clichês bolsonaristas foi filmada xingando e agredindo dois jovens gays que entraram numa padaria no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, na madrugada de um sábado, 3 de fevereiro deste ano. As cenas viralizaram nas redes sociais e mostram a militante de extrema direita gritando de forma enlouquecida uma enxurrada de palavrões e insultos contra os rapazes, sob a alegação de “ser branca” e da “família tradicional”.

“E os valores estão sendo invertidos. Eu sou de família tradicional. Eu tenho educação. Diferença dessa porra aí”, dizia a agressora enquanto funcionários e frequentadores tentavam detê-la, já que o tempo todo durante a filmagem ela procura se desvencilhar das pessoas para agredir os clientes homossexuais, sempre “fazendo arminha”, um gesto com a mão típico dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Um homem identificado no ‘X’ (antigo Twitter) como Rafael Gonzaga fez uma postagem nesta terça-feira (6) dizendo ser uma das vítimas da agressora, assim como seu namorado, que o acompanhava naquele momento. O relato da vítima diz que eles foram à Padaria Iracema para comer algo, por volta das 4h, antes voltarem para casa, quando as agressões e hostilidades teriam começado.

“Sábado, 3/2, às 4h, eu e meu namorado paramos na padaria Iracema, em Santa Cecilia, pra comer algo e ir pra casa, mas acabamos num filme de terror. Uma mulher nos atacou física e verbalmente e vou postar TODOS os vídeos na thread abaixo”, postou Gonzaga.

A Polícia Militar foi acionada para comparecer ao estabelecimento e registrou uma ocorrência interna (diferente do boletim de ocorrência registrado em delegacias da Polícia Civil) de injúria e lesão corporal.

“As vítimas relataram que, ao chegarem de carro a uma padaria, foram abordadas por um grupo de pessoas, sofrendo agressões físicas. Durante o incidente, um dos agressores lançou um cone de sinalização em direção às vítimas. O caso foi registrado como preconceitos de raça ou de cor (injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional) e lesão corporal pela Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais contra a Diversidade Sexual e de Gênero e outros Delitos de Intolerância (Decradi) nesta segunda-feira, 5 de fevereiro”, diz o documento da PM.

A versão é quase idêntica à revelada por uma das vítimas, que afirma ter tentado estacionar o carro numa vaga onde havia três pessoas, sendo dois homens e uma mulher. Ao notarem os clientes com a intenção de colocar o veículo no local, os homens teriam saído do espaço, mas a mulher não. Ela foi retirada de forma paciente, então, pelos conhecidos, mas teria ficado revoltada ao notar que os ocupantes do automóvel eram dois homossexuais.