A prefeitura de São José dos Campos censurou e mandou retirar das salas de aula e das bibliotecas o livro "Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas", de autoria de Flávia Martins e publicado pela editora Mostarda.
O veto à obra se deu após um pedido do vereador Thomaz Henrique (PL-SP), que acusou a obra de fazer "apologia ao aborto", isso porque a coletânea traz perfil da vereadora Marielle Franco e da pesquisadora Débora Diniz.
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Em suas redes sociais, o vereador atacou a memória de Marielle Franco e o trabalho de Débora Diniz.
"Após a minha denúncia na última terça-feira, a Prefeitura informou oficialmente que retirou de todas as escolas municipais o livro que define a maior defensora do 4B0RT0 no Brasil, Débora Diniz, como mulher inspiradora. O livro defende os “direitos reprodutivos” da mulher e o direito da mulher “escolher ser mãe ou não”, além de chamar os contrários ao @b0rt0 de “gente chata”. O livro ainda trazia a ex-vereadora do PSOL, Marielle Franco, também como mulher inspiradora para alunas do 5º ano", disparou o parlamentar de extrema direita.
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A Editora Mostarda se manifestou por meio de um comunicado e afirmou que repudia "qualquer tipo de censura e defendemos que obras que promovem o pensamento crítico e o exercício da cidadania devem permanecer nas escolas, sem quaisquer impedimentos de ordem autoritária".
À Fórum, a prefeitura de São José dos Campos confirmou o veto ao livro. “A Prefeitura de São José dos Campos informa que o livro ‘Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas’ foi recolhido das salas de leitura de todas as unidades de ensino para que o conteúdo seja reavaliado pela equipe técnica da Secretaria de Educação e Cidadania. Os exemplares nunca estiveram disponíveis nas salas de aula ou nas bibliotecas públicas do município, apenas nas salas de leitura das escolas’, declarou a gestão municipal do município.
Confira abaixo a íntegra da nota da Editora Mostarda:
"Foi com surpresa que recebemos a notícia de que o livro “Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas”, de autoria de Flávia Martins de Carvalho, foi retirado das salas de aula e das bibliotecas de um município que havia adotado a obra em suas escolas.
Escrito em versos e contendo ilustrações, o livro apresenta as histórias de grandes mulheres, cientistas de diversas áreas, a exemplo de Sueli Carneiro, Lélia Gonzalez, Dorina Nowill, Débora Diniz e Marielle Franco, entre outras, cujas origens e formações diversas contribuíram para a difusão do conhecimento e a defesa dos direitos humanos.
Enfatizamos que a Editora Mostarda tem como diretrizes a educação antirracista, a diversidade, a igualdade entre os gêneros e o respeito à ciência. Nesse sentido, valorizamos o poder da democratização do conhecimento.
Acreditamos que criar pontes para o diálogo nos processos educativos é fundamental para a construção de uma sociedade mais consciente e tolerante. Assim, repudiamos qualquer tipo de censura e defendemos que obras que promovem o pensamento crítico e o exercício da cidadania devem permanecer nas escolas, sem quaisquer impedimentos de ordem autoritária."