Moradores do bairro Sarandi, em Porto Alegre, onde um dique estourou durante as enchentes que marcaram a pior tragédia climática do Rio Grande do Sul, tentaram retornar às suas casas neste domingo (9) em meio a montanhas de lixo e entulho, além da falta de água e luz no bairro.
As imagens de um vídeo gravado pelo jornalista e fotógrafo Alass Derivas mostram a dimensão da tragédia no Sarandi. São casas, pedaços de árvores e objetos que se amontoam pelas ruas do bairro, junto à lama e poças de água, e tornam praticamente impossível a retomada dos moradores.
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Além dessa dificuldade, os moradores do Sarandi também enfrentam a falta de água e luz. Diante desse cenário, eles realizam a limpeza durante o dia e retornam aos abrigos pela noite. "Estamos desde sexta-feira limpando. Mais uma vez, ficamos umas dez horas nessa função, mas estamos sem luz e com pouca água. Vamos ter que voltar de novo para continuar. Perdemos tudo, estamos bastante cansados e estressados. A maioria dos lugares ainda está fechada", relatou a moradora Adelina Marques, de 63 anos, ao Diário Gaúcho.
Essa realidade de escassez foi denunciada também pela deputada Maria do Rosário (PT-RS) em um vídeo publicado nesta segunda-feira (10). No vídeo, uma moradora que se identifica como Mônica, moradora do Sarandi há 37 anos, afirma que o bairro está abandonado pela prefeitura de Porto Alegre.
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Nas imagens, Mônica mostra uma pilha de entulhos com objetos que eram seus e de sua irmã. Forno, panela elétrica, microondas e panificadora são alguns dos itens que a moradora perdeu nas enchentes.
Para dificultar a limpeza, o bairro sofre com escassez de água. Maria do Rosário mostra uma torneira ligada sem pressão. "O poder público deveria estar aqui, com um grande número de pessoas na frente de trabalho recolhendo tudo, ajudando os moradores e higienizando as casas", afirma a parlamentar.
Números da tragédia
De acordo com os últimos dados da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, divulgados nesta segunda-feira (10), as enchentes históricas afetaram 2.398.255 pessoas. Ao todo, 423.486 estão desalojadas e 18.854 em abrigos. O número de mortes subiu para 173, o de feridos está em 806 e o de desaparecidos soma 38.