SÃO PAULO

‘Playboy do Porsche’ diz que estava sóbrio e que “não sabia” estar em alta velocidade

Carro de Sastre estava a 114 km/h, mas ao se aproximar de Sandero, já estava a 156km/h, aponta perícia; ele segue foragido desde que sua prisão foi decretada

Empresário Fernando Sastre, que ficou conhecido como 'Playboy do Porsche'.Créditos: Reprodução/TV Globo
Escrito en BRASIL el

Fernando Sastre de Andrade Filho, empresário de 24 anos foragido da justiça, é procurado pela Polícia Civil desde a sexta-feira (3), quando a Justiça determinou sua prisão preventiva. Ele causou um acidente fatal no dia 31 de março, ao colidir o seu Porsche na traseira de um veículo de aplicativo, resultando na morte do motorista Ornaldo Viana, de 54 anos. 

Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, deste domingo (5), horas antes de ser decretada a prisão, Fernando disse que não consumiu bebida alcoólica e que “não percebeu” que estava em alta velocidade no momento do acidente e à noite toda, “só ingeriu água”. “Não consumi [bebida alcoólica]. Não bebi no primeiro ambiente, não bebi também na casa de pôquer”.

Quando questionado sobre sua velocidade na estrada, onde o limite é de 50 km/h, Fernando rapidamente se absteve de comentar. De acordo com a perícia, o Porsche de Sastre, avaliado em R$ 1,3 milhões, estava a 114 km/h no momento do impacto. Antes da colisão, o veículo chegou a atingir uma velocidade ainda maior, quando já estava próximo do Sandero: 156 km/h.

Apesar das alegações de Fernando de que nunca recebeu multas por excesso de velocidade ou participação em corridas de rua, o registro no Detran mostra outra versão de suas declarações. Investigações revelaram que ele foi multado por dirigir acima do limite de velocidade no Ceará e por envolvimento em corridas ilegais na Avenida Paulista, em São Paulo. Quando questionado sobre a razão de sua alta velocidade, Fernando optou por não comentar.

Sobre o fato do por quê não ter procurado atendimento médico após ser liberado pelos policiais militares, o empresário explicou que foi para casa para “buscar seu cartão do plano de saúde”. Ele relatou que foi tomado por um “forte nervosismo” diante da situação e acabou sendo medicado pela mãe, Daniela Cristina de Medeiros Andrade. “Ao chegar em casa, fui tomado por uma grande agitação, fiquei extremamente nervoso com tudo o que estava acontecendo e então ela me deu um medicamento. Depois disso, eu desmaiei”.

Sastre ainda diz que enviou uma mensagem à família da vítima e que “está arrependido” do que aconteceu. “Refleti sobre isso, imaginei como seria se fosse com o meu pai, sei que não há nada que eu possa fazer ou dizer que trará ele de volta. A única coisa que posso oferecer é um pedido de desculpas sincero, do fundo do meu coração”.

Relembre o caso

Em 31 de março Sastre dirigia a 114,8 km/h na Avenida Salim Farah Maluf, cujo limite é de 50 km/h, quando colidiu na traseira do veículo do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, resultando na sua morte imediata.

O juiz de primeira instância, Roberto Zanichelli Cintra, negou o pedido de prisão preventiva feito pela promotora Monique Ratton, que alegou que Fernando dirigia em alta velocidade e sob efeito de álcool, segundo testemunhas. O MP também apontou que o réu influenciou uma testemunha a depor a seu favor, desrespeitando uma medida cautelar. O acidente fatal foi gravado por câmeras de segurança, e as investigações apontam que o motorista já esteve envolvido em outros acidentes de trânsito, sempre em alta velocidade.

A conduta de dois policiais militares que atenderam à ocorrência do acidente envolvendo o Porsche está sob investigação da Corregedoria da Polícia Militar de SP. Eles liberaram Fernando Sastre de Andrade Filho, o condutor do veículo, sem realizar o teste do bafômetro, aparelho essencial para verificar a presença de álcool no organismo. Segundo imagens das câmeras corporais dos policiais, um deles conversou com um bombeiro que prestou socorro, confirmando que o empresário havia ingerido bebidas alcoólicas.

A mãe de Fernando interveio na situação, persuadindo os PMs a liberarem seu filho com a promessa de levá-lo para um hospital, alegando que ele estava ferido na boca. No entanto, nem Fernando nem sua mãe buscaram atendimento médico. O relatório final do 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé, indicou que Daniela teria ajudado Fernando na fuga, mas não a indiciou pelo crime. O Ministério Público também não responsabilizou a mulher criminalmente.