A vida de Josenildo da Silva Marreira faz lembrar um daqueles roteiros cheios de reviravoltas de filmes de Hollywood. A história começa em 1987, na cidade de Rio Branco, no Acre, quando ele tinha 11 anos de idade.
Em um determinado dia, o garoto saiu de casa para vender quibes de arroz na rodoviária do município. Porém, ele foi raptado e levado para muito longe de seu lar: Florianópolis, em Santa Catarina.
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Josenildo foi mais uma vítima de um esquema de tráfico de crianças e acabou vendido para uma família catarinense.
Somente depois de 34 anos, ele reencontrou a mãe, Iraci Feitosa da Silva, de acordo com reportagem do blog True Crime, no jornal O Globo.
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Os quibes de arroz que Josenildo vendia na infância eram feitos pela própria mãe. No dia em que foi levado, uma mulher o abordou na rodoviária e disse que desejava comprar o salgado.
Ela indagou se o menino era filho de Francisco, policial militar assassinado em 1983, durante uma briga de bar. O crime foi presenciado por Josenildo e os matadores não tinham sido presos.
A sequestradora, então, disse que poderia levá-lo até os bandidos que mataram seu pai. Porém, para isso, teria que embarcar no ônibus com ela.
Josenildo acabou sendo sequestrado e forçado a entrar no esquema de tráfico de crianças. Primeiramente, foi parar em Porto Velho, Rondônia. Em seguida, vendido a uma família de Florianópolis. Lá, morava em uma casa confortável.
Contudo, com saudade da mãe e preocupado com os irmãos, fugiu da “nova família”, depois que a “mãe adotiva” levou o menino para passear no parque de diversões.
“Sentia muita falta da minha mãe. Depois que o meu pai morreu, me via responsável pela família, pois eu era o mais velho de sete irmãos”, declarou Josenildo.
A mãe verdadeira, Iraci Feitosa, procurava o filho mais velho desesperadamente. Ela se sentia culpada por deixá-lo sozinho e responsável por seu desaparecimento.
O perigo da vida nas ruas
Depois de fugir, a vida de Josenildo ganhou mais um capítulo de terror. Ele dormiu nas ruas, sob viadutos, e praticou pequenos assaltos usando uma faca artesanal.
Pedia carona para caminhoneiros, com a esperança de chegar a Rio Branco. Mas, acabou indo parar em São Paulo.
Na capital paulista, viveu mais uma experiência traumática. Enquanto dormia em uma praça, um homem tentou violentá-lo sexualmente. Ligeiro, Josenildo pegou sua faca e golpeou o estuprador na barriga com violência. “Perdi a conta de quantas vezes dei facadas em abusadores”, relembrou.
Em suas andanças de carona, o jovem acabou parando em Brasiléia, município no interior do Acre, na fronteira com a Bolívia. Lá, virou seringueiro e acabou adotado por uma família, que o registrou com o nome de Francisco Araújo Tigre.
Depois de perder os pais adotivos, ambos mortos, retomou a missão anterior, de reencontrar Iraci, a mãe verdadeira.
De volta a Rio Branco
Em 2014, já com 39 anos e casado com Andrea Ferreira, com quem teve dois filhos, ele se mudou para Rio Branco. Porém, somente em 2022, intensificou sua procura por Iraci.
Josenildo iniciou a busca pela rodoviária e foi em direção ao bairro Nova Estação, onde morava quando tinha 11 anos. Bateu de porta em porta e, quando estava pretes a desistir, chegiu até a casa de sua tia materna, Clarice Feitosa da Silva.
Em seguida, Iraci foi chamada para confirmar se o homem era, de fato, seu filho. Após reconhecê-lo, a mulher desmaiou de emoção, abraçando e beijando o filho, que não via há mais de três décadas.
Para que não restasse nenhuma dúvida, realizaram um exame de DNA, que confirmou o que todos esperavam. A partir de então, passaram a viver próximos e felizes.