GREVE DE PROFESSORES

Governo assina acordo com uma entidade que representa docentes; Falta combinar com a outra

Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, de Esther Dweck, faz a mediação das negociações; Veja o que foi decidido e o que acontece a seguir

Greve nas Universidades Federais.Créditos: Sindiedutec
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A greve dos professores das universidades federais, que já dura mais de 40 dias em algumas instituições, pode estar chegando perto do fim. Após reunião do último domingo (26), o Governo Lula fechou um acordo com uma das entidades que representa a categoria, mas ainda falta combinar com a outra.

O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), de Esther Dweck, faz a mediação das negociações e fechou um acordo com a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes). A proposta do MGI prevê reajustes salariais para diferentes níveis da categoria em 2025 e 2026.

Aqueles professores que ganham melhor podem receber aumentos acumulados de 13,3% até 2026, último ano do atual mandato presidencial. Aqueles que ganham menos terão aumentos de 31% no mesmo período. O MGI estima um impacto na folha dos docentes em torno de R$ 6 bilhões ao término do período.

Para este ano, o MGI de Esther Dweck aponta que já foi concedido um reajuste nos benefícios da categoria. O auxílio-alimentação foi de R$ 658 a R$ 1 mil, o auxílio-saúde de R$ 144 para R$ 215 e o auxílio-creche que foi de R$ 321 para R$ 485. Todos esses aumentos já estão devidamente contidos no Orçamento 2024.

“Produzimos ganhos importantes na tabela salarial dos docentes, combinando reajuste com reestruturação. Isso fez com que nós tivéssemos importantes ganhos para a categoria”, afirmou José Lopez Feijó, secretário de Relações do Trabalho do MGI, designado para liderar as negociações.

Falta avisar a outra entidade

Se por um lado a Proifes aceitou os termos do MGI, por outro lado o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) não aceitou. A decisão veio após uma rodada de assembleias realizadas entre 20 e 24 de maio, em que 58 delas rejeitaram a proposta. As demais aceitaram parcialmente.

Situação semelhante foi vista nas últimas duas greves da categoria, em 2012 e em 2015 – que duraram 124 e 139 dias. Em ambas as ocasiões, o Andes abandonou as mesas de negociação e o acordo foi firmado pela Proifes.

Dessa vez, o Andes quer apresentar uma contraproposta, mas esbarra nas declarações da ministra Dweck que aponta que o governo não tem mais como ceder e, recentemente, deu um ultimato à categoria em que pediu uma decisão sobre o acordo até a próxima terça-feira (28). A organização enxerga intransigência e autoritarismo na condução das negociações por parte de Dweck e do MGI.

A Proifes, por outro lado, não se mostrou contente com o acordo que, segundo nota divulgada para a imprensa, “não atende aos anseios da categoria”. Mas, em todo caso, reconhece o cenário político e econômico “difícil” e comemorou a possibilidade de conseguir "ganhos reais".

A fim de evitar os desfechos das últimas mobilizações, o Andes protocolou uma ação na Justiça na última semana em que tenta impedir que a Proifes e o MGI firmem o acordo sem o seu consentimento. Para a organização, a assinatura do acordo de 2012 causou “profundo impacto” nas aposentadorias da categoria. Os advogados da Andes reafirmam a desconfiança do sindicato em relação a Proifes.

Apesar de apalavrado com a Proifes, o governo foi escolheu esperar o Andes e agora tenta marcar uma nova reunião para prosseguir com as negociações, provavelmente na próxima segunda-feira, 3 de junho. O objetivo seria o de debater a contraproposta do sindicato.

A greve já dura mais de 40 dias nas primeiras 18 instituições que aderiram. Atualmente, são 59 universidades e colégios em greve.