BOLSONARISTA RAIZ

Regina Duarte é campeã de alerta de fake news nas redes sociais

De 'namoradinha do Brasil' e 'rainha da sucata' a 'campeã da mentira'; atriz bolsonarista Regina Duarte lidera os perfis que ganham selo por propagar desinformação pelas redes sociais

Créditos: Wikimedia Commons - Regina Duarte e Jair Bolsonaro durante a passagem relâmpago dela pelo governo de extrema direita do ex-presidente
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Ela já foi chamada de "namoradinha do Brasil" e já foi a "rainha da sucata", mas agora é mais conhecida como "campeã da mentira". A atriz veterana Regina Duarte lidera as advertências por desinformação nas redes sociais e recebeu mais um selo de "informação falsa" no Instagram nesta semana.

A ex-secretária da Cultura do governo de Jair Bolsonaro (PL) mentiu que o governo Lula teria dificultado doações para as vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul.

Ela escreveu na rede social que não conseguia "entender por que razões o governo brasileiro não aceita ajuda humanitária ao Rio Grande do Sul" ao compartilhar um vídeo com informações falsas na última segunda-feira (13).

O internauta que acessa a publicação vê apenas um fundo preto com os dizeres "Informação falsa. Checada por verificadores de fatos independentes".

Reprodução Instagram de Regina Duarte: selo de advertência de "informação falsa"

O vídeo que ela compartilha no seu perfil é do deputado de extrema direita André Ventura, do partido Chega, de Portugal. Ele mente que o governo brasileiro teria recusado ajuda internacional para as vítimas dos temporais que atingem o Rio Grande do Sul desde o mês passado, ficando parada no país europeu, “pronta, disponível”, mas “vai estragar” se não for entregue. A informação é falsa.

Ventura é conhecido por posicionamentos polêmicos. Nesta semana, por exemplo, ele afirmou que "não haverá um único imigrante a entrar em Portugal sem contrato de trabalho".

No sábado passado (11), o governo Lula publicou uma nota em que explicava como as “mais de 200 toneladas de doações para ajudar a população atingida pelos temporais no Rio Grande do Sul” vindas de Portugal estavam sendo submetidas a uma triagem.

“Muita desinformação tem sido disseminada com mentiras sobre o esforço do governo brasileiro para ajudar a população gaúcha. Diferentemente do que alegam esses conteúdos falsos, não houve recusa por parte do governo federal de doações advindas de Portugal para o RS”, afirmou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em nota.

Em razão da fake news a atriz recebeu uma enxurrada de críticas de internautas nos comentários da postagem. "Deixa de dizer tanta mentira". Fique quietinha".

Esta foi a primeira desinformação da veterana sobre a tragédia humanitária e climática que assola o Rio Grande do Sul. Mas ela é especialista na arte de mentir e já se destacou ao publicar fake news sobre as eleições quando fez críticas às urnas eletrônicas, e sobre a pandemia de Covid-19, incluindo desinformação sobre as vacinas.

Além do selo, a Meta também faz uma filtragem para impedir que a publicação seja encontrada por meio de seus sistemas de busca, como a aba Explorar ou por hashtags. Em alguns casos, por excesso de "fake news", a visibilidade do perfil também é diminuída.

O Instagram ainda pode remover a publicação ou até mesmo suspender a conta responsável pela propagação de desinformação. Além disso, se alguém tentar mencionar um perfil com selo de advertência, receberá um aviso de que foi publicada nele uma informação falsa.

Governo Lula enfrenta as fake news

Na última quarta-feira (15), a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu que as redes sociais TikTok, X - o antigo Twitter de Elon Musk - e Kwai removessem, em até 24 horas, publicações que afirmavam falsamente que o governo estaria reembalando doações privadas destinadas às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul com o logotipo do governo federal. 

A AGU alerta que as publicações que circulam nas três redes sociais e usam fotos de doações oficiais de cestas básicas podem prejudicar as ações de auxílio ao estado. Essas postagens já foram desmentidas tanto por agências de checagem quanto pelo Ministério do Desenvolvimento Social, segundo a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia, uma divisão da AGU estabelecida para combater as fake news.

Bolsonarista de carteirinha

Regina Duarte assumiu o cargo de Secretária Especial de Cultura no governo de extrema direita de Jair Bolsonaro em 4 de março de 2020 e ficou apenas 77 dias, até 20 de maio de 2020. Ela foi substituída por Mario Frias.

Durante seu curto período à frente da secretaria, sua gestão foi marcada por diversas polêmicas e controvérsias, além de críticas tanto de setores culturais quanto da sociedade em geral. Relembre:

  • Negacionista da ditadura: Em uma entrevista à CNN Brasil em maio de 2020, Regina Duarte minimizou os horrores da ditadura militar no Brasil (1964-1985), sugerindo que "sempre houve tortura" e "sempre houve mortes" na história da humanidade. Suas declarações geraram grande indignação e críticas, inclusive de organizações de direitos humanos e familiares de vítimas da ditadura.
     
  • Gestão e Saída Conturbada: Durante seu período no cargo, houve acusações de falta de diálogo e dificuldades na gestão da pasta. Sua saída foi marcada por uma comunicação confusa e declarações desencontradas. Inicialmente, foi anunciado que ela assumiria a Cinemateca Brasileira em São Paulo, mas isso não se concretizou.
     
  • Conflitos Internos: Regina Duarte enfrentou conflitos internos dentro da Secretaria de Cultura e com outros membros do governo. Houve relatos de atritos com sua equipe e com o próprio presidente Jair Bolsonaro, que teriam contribuído para sua saída precoce..