RIO GRANDE DO SUL

A boa e a má notícia de Paulo Pimenta sobre o aeroporto de Porto Alegre

Nível do Guaíba ainda está altíssimo e Salgado Filho passará por limpeza e reparos das instalações e pistas de pouso; Não há previsão para reabertura

O aeroporto Salgado Filho totalmente alagado em Porto Alegre.Créditos: Reprodução/Vídeo/Redes Sociais
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Paulo Pimenta, o ministro extraordinário para a Reconstrução do Rio Grande do Sul, acredita que o aeroporto Salgado Filho, um dos símbolos do colapso climático gaúcho, deve ficar fechado por pelo menos mais 6 meses. A declaração foi dada em entrevista ao Balanço Geral, da Record, nesta quinta-feira (16).

Apesar de muito alongada a uma primeira vista, a previsão de Pimenta é bastante realista. É preciso levar em conta o tempo que ainda demorará para as águas baixarem e, posteriormente a isso, todo o processo de limpeza, reparo e reconstrução do saguão, dos prédios e das pistas de pouso e decolagem. Certamente não é algo a ser resolvido num par de meses ou punhado de semanas.

“Em menos de seis meses não acredito que volte a funcionar. A pista está embaixo d’água. Quando baixar, tem aquela parte que a gente conhece, operacional, mas vai ter de ser feito um grande estudo. Essa pista virou uma espécie de esponja. Possivelmente terá de ser feito um trabalho de sondagem para reforço dessa pista. Não sou técnico da área, mas pelo que estou acompanhando, sinceramente, acho que, dificilmente, em menos de seis meses esse aeroporto volte a funcionar”, avaliou Pimenta.

Ao longo da primeira semana de maio o Brasil assistiu ao Salgado Filho encher de água. Construído às margens do Guaíba, lago onde deságuam praticamente todos os grandes rios de um estado chamado “Rio Grande” do Sul, em poucos dias o aeroporto alagou como nunca. Em 6 de maio, quando suas pontes de embarque já se confundiam com um cais de porto em imagens aéreas e os aviões pareciam boiar na inundação, todos os voos foram cancelados por tempo indeterminado.

E a impressão que dá é de que as águas ainda devem demorar para escoar completamente. 10 dias depois do cancelamento total de voos, o nível do Guaíba foi abaixo dos 5 metros pela primeira vez. Mas a cifra não é lá muito animadora: 4,98m. É preciso que baixe para pelo menos 3 metros para que se comece a fazer uma estimativa mais precisa sobre a reabertura do aeroporto e, consequentemente, a reconexão física da capital gaúcha com o resto da humanidade.

Nesse contexto, a estimativa de Pimenta pode ser interpretada tanto como boa notícia, quanto como má notícia. Má notícia porque na última segunda-feira (14) a Aeronáutica informou a imprensa nacional que as atividades do aeroporto seriam suspendidas por pelo menos mais 90 dias além de 30 de maio, a data estipulada inicialmente para a reabertura. Isso significa que a reabertura estaria para acontecer a partir de setembro.

Agora, caso Pimenta tenha razão e precisão em sua avaliação, o aeroporto deve voltar a funcionar apenas a partir de novembro. No entanto, por outro lado, isso pode ser visto como uma boa notícia. E justamente pelas incertezas que permeiam a questão. Não se sabe exatamente o tamanho do estrago e, consequentemente o aeroporto pode reabrir em 3 meses, 6 meses ou até depois disso a depender do transcorrer dos acontecimentos e avaliações técnicas. A boa notícia é estar-se falando num prazo mais realista.

Ainda no anúncio da Aeronáutica, as informações divulgadas pela imprensa davam conta de que nem o poder público – representado pela Prefeitura de Porto Alegre e pelo governo estadual – e nem a Fraport – empresa concessionária que administra o aeroporto – sabiam informar as atuais condições da pista ou estipular um prazo exato para a limpeza e reparo do aeroporto. O próprio prefeito Sebastião Melo (MDB) reconheceu a impossibilidade de sequer fazer uma vistoria técnica no local.