Michele de Lima Teixeira, a mãe de Carlos Teixeira, adolescente de 13 anos morto depois de ter sido espancado por colegas da Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grade, litoral de São Paulo, fez revelações sobre o caso.
Em entrevista ao "Fantástico", neste domingo (28), na Globo, ela declarou que relatou à escola sobre uma primeira agressão que o filho sofreu, em março. Porém, segundo Michele, a instituição de ensino não tomou providências.
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“Ele falou pra mim que não podia entrar no banheiro, porque quem vai para o banheiro apanha”, contou.
A mãe de Carlos afirmou, ainda, que a primeira agressão sofrida pelo filho ocorreu em 19 de março. “Foi por causa de um pirulito. O menino arrancou da mão dele e, quando ele pediu de volta, o menino deu dois socos no nariz dele. O arrastaram pelo pescoço e foi para dentro do banheiro, onde fizeram aquele vídeo”, disse.
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Os pais do adolescente, então, procuraram a direção do colégio para exigir providências. Michele acredita que a morte do filho é culpa da escola. “Um adulto vê as crianças apanhando, não só o meu filho, e fechar os olhos, fingir que nada aconteceu”.
Segundo a mãe, Carlinhos avisou aos pais que não queria mudar de escola, para poder defender os colegas menores dos agressores.
“Meu filho era um garoto muito, muito doce. A vida dele era jogar no computador. Não saía para a rua, ficava só jogando. Eu só estou aqui de pé por Deus porque eu sei onde o meu filho está. Meu filho está com Deus”, disse Michele.
O segundo episódio de agressão foi registrado no dia 9 de abril. Dois estudantes pularam nas costas de Carlos. Quando ele chegou em casa, relatou aos familiares, que registraram a reclamação do adolescente em vídeo: “Quando eu respiro, dói as costas”, disse ele.
O menino foi atendido no Pronto-Socorro Central de Praia Grande e liberado em seguida. “Meu filho não fez um exame de urina, não fez nada. Meu filho gemendo por falta de ar, sem respirar”, revelou a mãe.
Depois disso, como seu quadro não melhorava, foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Santos. Porém, morreu sete dias depois: foram três paradas cardíacas.
“Meu filho tem uma história e uma família. O vazio vai ficar para sempre e ninguém vai sofrer nada porque eu não acredito [na Justiça]. Mas eu acredito que cada um colhe o que planta”, afirmou.
Ela disse, também, que espera que a história de Carlinhos ajude outras crianças que sofrem bullying, mas lamentou as críticas que recebeu por não ter se posicionado antes.
“As pessoas falando que foi minha culpa. Como que eu iria imaginar que uma coisa dessas iria acontecer? Como eu imaginar que uma criança iria matar meu filho?”, desabafou Michele.
Investigação ouviu dez pessoas
A polícia já colheu os depoimentos de dez pessoas. Segundo a reportagem do “Fantástico”, a vice-diretora da escola, professores e dois suspeitos, menores de 18 anos, estão entre os que foram ouvidos.
A polícia aguarda resultado da perícia. “Falta definir se a morte se deu em decorrência dessas agressões que ele possa ter sofrido ou se foi uma causa independente”, destacou o delegado Alex Mendonça, à TV Globo.