ESTADO POLICIAL MILITAR

PM de Tarcísio manda fechar o comércio em Paraisópolis

Relatos da ação truculenta foram feitos por moradores ao portal Uol dois depois de uma criança ser baleada sob circunstâncias ainda mal explicadas

Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública, e Tarcísio Gomes de Freitas.Créditos: Mônica Andrade/Governo do Estado de SP
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A Polícia Militar de São Paulo realiza na noite desta sexta-feira (19) uma ação truculenta da comunidade de Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, em que bloqueia ruas e manda os comércios do bairro fecharem as portas. A ação ocorre apenas dois dias depois que uma criança foi baleada pelas tropas do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sob circunstâncias ainda mal explicadas.

Os relatos da ação truculenta foram feitos por moradores nas redes sociais e para o portal Uol. De acordo com as informações divulgadas, mais de dez viaturas acompanhadas por dezenas de motos e agentes percorrem a comunidade. Moradores denunciam que policiais munidos de armas de guerra violam o direito de ir e vir da população, proibindo a circulação de pessoas.

“Parece um cenário de guerra”, disse um dos moradores ao site supracitado. Ele também afirma que a vizinhança está com medo.

No caso do fechamento de comércios, a manobra é simples. Os policiais que já estão percorrendo as ruas da comunidade simplesmente entram nos estabelecimentos, sem mandado judicial, e mandam que todos fecham as portas.

“Os policiais mandaram e começamos a baixar nossas portas, não nos deixaram exercer o nosso direito de trabalhar. Já é o segundo final de semana seguido que eles não nos deixam exercer o nosso direito de trabalhar aqui na comunidade. No final de semana passado mesmo eles nos mandaram fechar as portas, jogaram gás de pimenta, aquelas bombas de gás, nos mandando ir para casa”, relatou um comerciante.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou, também ao Uol, que utiliza o subterfúgio do combate a roubos e furtos para inviabilizar a vida social de toda uma comunidade. Mas não é só isso, também querem impedir a realização dos chamados pancadões.

“O objetivo principal é identificar e prender criminosos, realizar a apreensão de entorpecentes, além de evitar a realização dos conhecidos "pancadões" na área. Dentre as estratégias, está a ocupação ostensiva prévia do território, com o intuito de dissuadir a formação de aglomerações, agindo de forma preventiva”, diz a nota da SSP.

A última vez que uma operação desse porte fechou Paraisópolis para impedir pancadões foi em dezembro de 2019. Na ocasião, um ataque das forças de segurança ao famoso baile da DZ7 deixou 9 jovens mortos. Eles tinham idades entre 14 e 29 anos.