O professor de Educação Física Clayton Ferreira Gomes dos Santos foi preso após uma idosa o reconhecer como o homem que a roubou e sequestrou em outubro do ano passado. No entanto, o professor estava dando aula em outra cidade na hora do crime.
De acordo com as informações da polícia, o crime ocorreu por volta das 9h do dia 31 de outubro de 2023, em Iguape, município de São Paulo. Nesse mesmo horário, Clayton estava dando aula de educação física em uma escola da Zona Sul da capital paulista - a 200 km de distância do local do crime - segundo informações do próprio colégio.
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"Ele trabalhou na escola. Eu fiz a declaração. O que afirmei [é] que [Clayton] trabalhou num determinado tempo na escola. Parece sim existir equívoco [na prisão dele]", afirmou o diretor da escola, Vilson Sganzerla, ao site G1.
O documento com a ficha de ponto do professor foi encaminhado à defesa de Clayton, que passou por uma audiência de custódia nesta quarta-feira (17), mas segue detido.
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O advogado de Clayton, Danilo Reis, aponta racismo em sua prisão. O método usado para identificar o verdadeiro criminoso foi o reconhecimento fotográfico, que acarreta em muitas prisões injustas, principalmente, de pessoas negras.
"Eu acredito que é mais um caso vinculado a preconceito racial e a falha do inquérito policial, que se limita a esse tipo de reconhecimento fotográfico, que é precário", afirmou o advogado. "Mais uma pessoa negra, de comunidade, sem apontamento negativo criminal algum, está em cárcere por causa de um mero reconhecimento fotográfico", acrescentou.
A defesa também questiona como a foto de Clayton foi parar no banco de imagens da polícia, já que ele não tem antecedentes criminais. Danilo ainda suspeita que alguém ainda não identificado possa ter usado a foto e documentos de seu cliente de maneira criminosa para prejudicá-lo.
No dia do crime, o homem que assaltou e sequestrou a idosa estava junto de outras duas mulheres. Uma delas foi identificada também por foto, mas o advogado não sabe se ela foi presa. "Só posso dizer que Clayton não conhece essa outra suspeita, nunca a viu. Ele sequer esteve em Iguape antes. Foi acusado pela polícia de dirigir o carro usado nos crimes, mas ele não tem nem carteira de habilitação. Não sabe dirigir e só usa transporte público", afirmou.
"Nunca praticou qualquer ato ilícito e principalmente por fisicamente ser impossível estar em dois lugares ao mesmo tempo, agravando-se ainda mais por tratar-se de comarcas distintas e de distâncias consideráveis", acrescenta a defesa.
*Matéria atualizada às 18h17 para correção da data em que Clayton foi preso