A família de Nilton Ramon de Oliveira, o entregador que foi baleado por um cabo da Polícia Militar no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (4), revelou que a irmã da vítima foi intimidada por policiais na porta do Hospital Salgado Filho na terça (5).
Segundo relato de Luiz Carlos, cunhado do entregador, sua esposa dava entrevistas para imprensa na porta do hospital onde Nilton está internado. Enquanto isso, os PMs que estavam ali zombavam dela, rindo e gravando a conversa com os jornalistas.
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“Na minha concepção, policiais são pagos para proteger, não coagir, e ela se sentiu coagida”, disse o homem ao g1.
A atitude dos policiais fez com que Luiz Carlos procurasse a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para pedir uma medida protetiva para todos os parentes.
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“Clamo por justiça. O policial cometeu uma tentativa de homicídio contra meu cunhado, não pode ficar impune”, disse o homem.
O cabo Roy Martins Cavalcanti atirou em Nilton após o entregador se recusar a subir para entregar seu lanche. Na delegacia ele alegou legítima defesa, foi liberado e teve sua arma devolvida. O caso está registrado como “lesão corporal”.
O PM alega que o entregador teria tentado roubar sua arma durante a discussão. No entanto, sua versão é contestada por Yuri Oliveira, entregador que trabalha para o Ifood e testemunhou a cena. Segundo seu relato, não houve qualquer tentativa de Nilton nesse sentido.
“Foi uma confusão generalizada. Era muito xingamento de ambas as partes. Mas o Nilton estava se sentindo muito acuado porque o PM estava armado. Ele já tinha sacado a arma antes, dentro do restaurante. Tivemos que apaziguar”, contou.
De acordo com seu relato houve uma primeira discussão entre os dois que acabou apaziguada. Mas logo em seguida, a testemunha viu o PM atravessando a rua e começando uma nova discussão com o entregador. “Cinco minutos depois Roy deu voz de prisão a Nilton. Ele sacou a arma, o Nilton se assustou e logo em seguida ouvi um disparo”, contou.
O caso repercutiu nas redes sociais e a Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro disse, em nota, que foi instaurado um processo para apurar as circunstâncias do caso. O PM teve sua arma apreendida temporariamente, mas obteve de volta após depoimento.
Nilton ficou gravemente ferido e passou por uma cirurgia no Hospital Municipal Salgado Filho, onde está internado na UTI em estado grave.