A defesa do policial penal Jorge Guaranho anunciou nesta sexta-feira (22), às vésperas do júri popular que ocorre em 4 de abril, que abandonou o caso. A razão do abandono é a falta de pagamento do cliente. Guaranho é réu pelo assassinato de Marcelo Arruda, morto a tiros em sua própria festa de aniversário em julho de 2022. O crime ocorreu em Foz do Iguaçu, no Paraná.
“A renúncia juntada pelos advogados foi motivada pelo inadimplemento contratual. Ressaltamos que a renúncia não está relacionada ao mérito do caso em si, mas sim a questões contratuais específicas”, disse o escritório Dalledone e Advogados Associados ao portal Metrópoles.
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Relembre o caso
No dia 9 de julho de 2022, Marcelo Arruda foi assassinado por Jorge Guaranho aos gritos de “aqui é Bolsonaro”. O agente penal bolsonarista foi avisado que uma festa de aniversário com temática petista estava sendo realizada na região e para lá se dirigiu a fim de cobrar satisfações dos organizadores.
Ao chegar no local, trocou algumas ofensas com os presentes e prometeu voltar armado. Arruda, o aniversariante e anfitrião, que era guarda municipal, levou a ameaça a sério e também se armou. Cerca de 15 minutos se passaram e Guaranho voltou ao local, disparando contra Arruda, que acabou assassinado. No entanto, antes de morrer, a vítima conseguiu revidar e feriu o autor do crime com quatro tiros, impedindo uma tragédia maior.
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Guaranho foi internado e, após receber alta, foi preso preventivamente. A 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, então, acolheu as acusações do Ministério Público do Paraná (MP-PR), tornando-o réu pelo assassinato de Arruda. No pedido, o MP denunciou o policial penal por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum. O bolsonarista foi indiciado e aguarda ser submetido a júri popular no próximo dia 4 de abril.
"O júri popular será o momento crucial para buscar justiça neste caso. Será uma oportunidade para que a sociedade julgue a atitude brutal ocorrida naquela noite e o responsável pelo crime seja responsabilizado perante a lei", disse Pamela Silva, viúva de Arruda, à Revista Fórum.
Para ela, o assassinato do marido tem uma simbologia muito grande em meio ao avanço do ódio fascista propagado por Jair Bolsonaro entre seus seguidores radicais.
"O trágico acontecimento não apenas ceifou a vida do Marcelo, amado por muitos, mas também deixou uma comunidade em luto e em busca de respostas. A pergunta que ecoa em todas as mentes é: por que um evento que deveria ser de alegria e celebração se transformou em uma tragédia sem sentido? Enquanto a data do júri se aproxima, a família, amigos e comunidade aguardam ansiosamente por um desfecho que traga algum conforto às famílias e amigos de Marcelo Arruda. Que a justiça seja feita e que a memória de Marcelo seja honrada", afirmou.
Secretário de Turismo de Foz do Iguaçu e amigo de Arruda, André Alliana disse à Fórum que espera que o júri seja rigoroso com o bolsonarista.
"Vi meu melhor amigo ser morto na minha frente enquanto comemorávamos sua vida. Agora, com o julgamento, espero que a justiça seja feita por meio de uma punição exemplar, que sirva como chamada de atenção e mecanismo educativo para toda a sociedade: a intolerância, a violência política não é aceita e está sendo punida com rigor."
Lei Marcelo Arruda
A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou na última terça-feira (19) o projeto de lei “Marcelo Arruda”, que institui o dia 9 de julho como o Dia Estadual de Luta contra a Intolerância Política e de Promoção da Tolerância Democrática. A inciativa é de autoria do deputado Arilson Chiorato (PT).
Se aprovado, o projeto de lei faz com que a data passe a integrar o Calendário Oficial de Eventos do Estado do Paraná e institui o Dia Estadual de Luta contra a Intolerância Política e de Promoção da Tolerância Democrática, a ser celebrado anualmente no dia 9 de julho.
“O objetivo do projeto, que homenageia o nosso companheiro Marcelo Arruda, vítima de um crime estimulado pela estupidez e intolerância a ideias opostas, é bem simples: paz na política. A paz é imprescindível para que a democracia permaneça e se fortaleça. Todos têm o direito de expressar suas predileções políticas, religiosas e culturais”, afirma Chiorato.
O texto ainda prevê que o Poder Executivo poderá firmar convênios e parcerias com entidades sem fins lucrativos e instituições públicas e particulares, especialmente do meio educacional, que tratem do tema para a realização de eventos, campanhas e atividades de conscientização. A lei entrará em vigor assim que passar pela sanção do governador.