Um dos episódios mais tristes e assustadores da violência política no Brasil, o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda completa 1 ano no próximo domingo (9).
Morador de Foz do Iguaçu (PR) e tesoureiro do PT local, Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos com amigos e familiares em uma festa cujo tema era o presidente Lula quando foi assassinado a tiros pelo bolsonarista Jorge Guaranho, um policial penal da cidade que, após o crime, foi preso.
Para marcar a data em que o petista completaria 51 anos de idade, familiares estão organizando para o domingo (9), em Foz do Iguaçu, um "Ato pela Paz", a partir das 9h da manhã, na Praça da Paz. O objetivo é chamar a atenção para o combate à violência política e pedir a condenação definitiva de Guaranho, que deve ser submetido a júri popular ainda este ano.
À Fórum, a viúva de Arruda, Pamela Silva, afirmou que sequer tem palavras para descrever sua sensação às vésperas do marco de 1 ano do assassinato de seu marido.
"Sinto que dói e que poderíamos estar novamente planejando outro momento dele e pra ele. Saber que faremos um evento e a motivação é o clamor por Justiça pelo assassinato do Marcelo", lamenta Pamela.
"Relembrar o fato trágico nos traz muita tristeza e dor. Por tantos momentos em família, pensamos 'ah, se o Marcelo estivesse aqui'. Como disse a Helena [uma das filhas do casal], 'se meu pai estivesse aqui, eu iria comer cenoura'. Ele insistia a ela para se alimentar bem e incluir legumes nas refeições", relata a viúva.
Segundo a viúva, o assassinato de seu marido "concretizou o discurso de ódio que vinha sendo pregado nos últimos anos", fazendo referência à cultura de violência imposta pelo governo de Jair Bolsonaro no país.
"Esperamos que o assassino tenha uma condenação máxima para mostrar para todos que a violência política terá punição. O Brasil precisa virar essa página da violência política, é preciso responsabilizar as pessoas que tiveram a audácia de concretizar a violência", clama Pamela Silva.
Relembre o caso
No dia 9 de julho de 2022, Marcelo Arruda foi assassinado por Jorge Guaranho aos gritos de “aqui é Bolsonaro”. O agente penal bolsonarista foi avisado que uma festa de aniversário com temática petista estava sendo realizada na região e para lá se dirigiu a fim de cobrar satisfações dos organizadores.
Ao chegar no local, trocou algumas ofensas com os presentes e prometeu voltar armado. Arruda, o aniversariante e anfitrião, que era guarda municipal, levou a ameaça a sério e também se armou. Cerca de 15 minutos se passaram e Guaranho voltou ao local, disparando contra Arruda, que acabou assassinado. No entanto, antes de morrer, a vítima conseguiu revidar e feriu o autor do crime com quatro tiros, impedindo uma tragédia maior.
Guaranho foi internado e, após receber alta, foi preso preventivamente. A 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, então, acolheu as acusações do Ministério Público do Paraná (MP-PR), tornando-o réu pelo assassinato de Arruda. No pedido, o MP denunciou o policial penal por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum. O bolsonarista foi indiciado e aguarda ser submetido a júri popular.