SÃO PAULO

Nazismo e autodestruição pautavam grupo de WhatsApp que teria alunos de escola da elite de SP

A instituição avisou os pais para que cuidassem dos conteúdos acessados pelos adolescentes; Posteriormente o grupo saiu do ar, mas por razões ainda desconhecidas

Tela do WhatsApp.Créditos: Pexels
Escrito en BRASIL el

*Matéria atualizada em 25 de março de 2024 após contato da assessoria de imprensa do Colégio Dante Alighieri

Um grupo de WhatsApp chamado Meta 500 tinha como público-alvo adolescentes. Entre os supostos integrantes, estariam alunos ao 5 ao 9 ano do ensino fundamental 2 do Colégio Dante Alighieri, uma famosa e tradicional instituição voltada para os filhos da elite paulistana. Os principais conteúdos disponíveis no link eram de pornografia, apologia ao neonazismo e incitação a autodestruição e ao suicídio.

As mensagens criminosas eram passadas através de fotos, figurinhas e gifs compartilhados com os membros do grupo que deveriam ser, como pré-requisito, alunos da instituição ou amigos dos mesmos. O próprio colégio revelou para a imprensa que a descrição do grupo fazia o seguinte alerta aos membros: “Não adicione sua família, só amigos e amigas”.

Para além das preocupações naturalmente colocadas por conta dos conteúdos neonazistas e pornográficos, a cobertura midiática do episódio apontou que a instituição teria ficado alarmada com a possibilidade da proposição dos chamados “desafios” aos estudantes. No entanto, a assessoria da imprensa do colégio entrou em contato e afirmou para a reportagem que tal tema jamais foi tratado internamente.

Desde a pandemia esse tipo de prática tem se alastrado na internet, como lembrado pela reportagem do Uol sobre o caso. Os desafios podem chegar a demandar dos “desafiados” desde a prática de danos contra si mesmos, até ataques a terceiros – sempre documentados e enviados para a fonte do desafio.

Ciente da existência do grupo, a instituição enviou um alerta aos pais. No comunicado, pediu que os responsáveis providenciassem a saída dos filhos do referido grupo “o mais rápido possível”.

“Pelo conteúdo analisado por nossa equipe, reforçamos a nossa preocupação, uma vez que pessoas mal-intencionadas podem entrar em contato com nossos alunos de modo privado, propondo desafios perigosos ou ainda solicitando o envio de fotos íntimas ou dinheiro por meio de ameaças”, diz o comunicado enviado aos pais.

O alerta também lembrava que quando um grupo é formado por menores de idade, a responsabilidade do conteúdo recai sobre os pais, que se tornam corresponsáveis pela publicação, mesmo que não tenham tido nenhuma participação direta na postagem.

Ainda não se sabe quem é o autor e criador do referido grupo. Mas a escola confirmou que o Meta 500 foi dissolvido. Resta saber se as autoridades escolares ou públicas irão investigar o ocorrido.

Chats privados e grupos fechados nas redes sociais e aplicativos de mensagens têm sido terreno fértil para a cooptação de adolescentes para a propagação de discursos de ódio e práticas de autodestruição e violência. E nas escolas de elite a coisa parece estar fora de controle.

Na última semana, por exemplo, um aluno judeu da Beacon School, também em São Paulo, foi alvo de ataques antissemitas. Os três autores do ataque, que desenharam símbolos e cantaram músicas relativas ao nazismo, foram suspensos e seus pais chamados a uma conversa.