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Atletas e torcedores do Colégio Marista de Natal, considerado de elite, protagonizaram um verdadeiro "espetáculo" de preconceito de classe e machismo ao sugerir que as mães dos alunos do IFRN, que conta com alunos menos abastados financeiramente, seriam empregadas domésticas de suas mães
Por Sidney Rezende, no SRzd
Na noite de terça-feira(31/10), na decisão do basquete juvenil masculino, o ginásio do IFRN Central, em Natal, ficou lotado e viu o Colégio Marista de Natal superar os donos da casa, o IFRN, por 56 a 44. Após o fim da partida, torcida e familiares invadiram a quadra para comemorar com os jogadores a conquista da medalha de ouro. No entanto, parte da torcida protagonizou lamentável espetáculo de preconceito de classe, machismo e má educação. “1, 2, 3, 4, 5 mil. Queremos Bolsonaro presidente do Brasil”, “O meu pai come a sua mãe” e “Sua mãe é minha empregada” (essa última sendo usada de forma pejorativa, com intuito de desmerecer a profissão das mães dos atletas da escola considerada de prestígio inferior, foram alguns dos cânticos de cunho misógino e discriminatório entoados pela torcida do Marista, segundo nota de repúdio assinada pelo Grêmoi Estuantil Djalma Maranhã, do IFRN.
Em vídeo em seu canal no Youtube, o médico infectologista Alexandre Motta, de Natal, relata o preconceito de classe em sua cidade, uma das mais importantes capitais do nordeste.
“Final do basquetebol masculino dos jogos escolares do RN. Disputavam a final a equipe do IF (Instituto Federal de Educação) Campus Central Natal e o colégio Marista de Natal, onde estuda a elite da cidade. A torcida do Marista gritava Bolsonaro 2018 e ‘sua mãe é empregada da minha’! A nota do Grêmio Estudantil do IF fala em coisas até mais degradantes”, diz Motta.
O Grêmio Estudantil Djalma Maranhão do IFRN divulgou nota de repúdio no Facebook sobre o acontecimento.
Confira abaixo
Ontem (31/10), durante a final do basquete juvenil masculino dos JERNs entre IFRN-CNAT e Marista, tivemos o desprazer de vivenciar no ginásio de nossa escola um lamentável episódio de disseminação do discurso de ódio manifestado pela torcida da equipe visitante.
“1, 2, 3, 4, 5 mil. Queremos Bolsonaro presidente do Brasil”, “O meu pai come a sua mãe” e “Sua mãe é minha empregada” (essa última sendo usada de forma pejorativa, ao nosso ver, com intuito de desmerecer a profissão de inúmeras mulheres brasileiras) foram alguns dos cânticos de cunho misógino e discriminatório entoados pela torcida do Marista – uma afronta ao que está posto em nossa Constituição e, sobretudo, aos Direitos Humanos.
Momentos como esse revelam um pouco das intenções políticas de, infelizmente, boa parcela da sociedade brasileira: de levar a presidência um deputado extremamente machista, LGBTfóbico, racista e defensor de um dos períodos mais sombrios da História do Brasil, os “Anos de Chumbo” da Ditadura Civil-Militar (1964-1985); de reverter direitos conquistados com muito empenho e suor pelas minorias e camadas desfavorecidas social e economicamente ao longo dos anos; e, em especial, de cercear as nossas liberdades individuais e coletivas.
Além disso, é bastante triste ver que, mesmo com toda a ascensão da luta dos movimentos sociais por um país livre de qualquer opressão, mais justo e digno para toda a população, ainda há uma juventude que não reconhece esse avanço e propaga ideais tão intolerantes e hostis.
Acreditamos que pensamentos, tais quais os manifestados na tarde de ontem, vão totalmente de encontro aos valores de tolerância, inclusão e cidadania fomentados pelas diversas práticas esportivas e não compactuam nem um pouco com os princípios pregados por uma Instituição de Ensino como o Marista.
Por fim, apesar desses insultos, que tem por fito discriminar e oprimir, não serem tão incomuns, cremos sim na possibilidade de um mundo melhor, pois já dizia Paulo Freire: “mudar é difícil, mas é possível”.
Em junho deste ano, o colégio Marista do Rio Grande do Sul também teve seu nome envolvido em outro episódio que ganhou destaque nacional envolto em preconceito de classes, com a festa “Se nada der certo”. Em fotos, alunos apareceram fantasiados de garçons, faxineiras, atendentes do McDonalds, porteiros e outras profissões que julgam ser inferiores. Relembre aqui.