Silvio Mazzafiori, comerciante de 65 anos filmado enquanto fazia ameaças a cliente que usava um notebook dentro da sua padaria em Barueri, escapou de depoimento que deveria dar à Polícia Civil. Ele encaminhou às autoridades uma declaração informando que se internou no hospital Albert Einstein para “passar por exames”.
“O Peticionário se encontra hospitalizado, desde o início da manhã de hoje [dia 5 de fevereiro], junto ao Hospital Albert Eistein, estando ainda em atendimento, em razão de queda sofrida no final de semana, para exames médicos e análise da necessidade, ou não, de passar por procedimento cirúrgico”, diz o documento assinado pelos advogados Cristiane Battaglia e Danilo Vidili.
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Depoimento
Segundo o site Giro, o empresário Alan Barros, que foi atacado pelo comerciante, prestou seu depoimento na última segunda-feira (5). Seu advogado explicou ao veículo que além do depoimento, ele reforçou o pedido de prisão preventiva para Silvio Mazzafiori. “Ele ameaçou meu cliente de morte. Então, apresentamos uma notícia crime com pedido de prisão preventiva e abrimos um boletim de ocorrência nos pelos crimes de ameaça, injúria e tentativa de homicídio”, garantiu.
O advogado informa ainda que seu cliente fará uma denúncia na Corregedoria da Polícia Civil para apurar a conduta dos policiais civis. Eles, segundo o advogado, estavam no estabelecimento no momento em que seu cliente foi ofendido e ameaçado fisicamente por Silvio Mazzafiori.
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“Vamos entrar com uma denúncia para identificar, por meio do número da viatura aparece nas imagens, quem são os policiais civis que estavam no local no momento das ameaças. Queremos saber quais foram os motivos de não terem dado voz de prisão ao homem que ameaçou meu cliente de morte”, explicou o doutor Leonardo Bueno Dechatnik, advogado da vítima.
Relembre o caso
Um vídeo registrado pelo próprio Barros mostra que ele foi seriamente hostilizado por um homem identificado como Silvio Mazzafiori, que seria o dono da Bethaville, assim como por um funcionário da padaria. Ele sequer está usando o computador, que permanece fechado e em cima da mesa.
“Você sabe ler? Você sabe ler? Olha aqui ó, normas do estabelecimento”, diz o proprietário, já em tom muito agressivo. Quem entra em sites como o Reclame Aqui ou o TripAdvisor e busca pela Bethaville encontrará um verdadeiro corolário de reclamações, sobre questões diversas, mas sobretudo sobre a ‘paranoia’ com o uso de equipamentos eletrônicos no local.
A discussão segue acalorada e o comerciante e seu funcionário parecem totalmente exaltados por uma situação que sequer deveria gerar algum tipo de conflito. Ele hostiliza o cliente ainda dentro da padaria e, na sequência, vai para a rua para tirar satisfação com ele. Na discussão, ele afirma que o dono do notebook “não é homem”, o chama para “ir lá na rua” e o insulta o chamando de “bosta”.
Do lado de fora, o sujeito que seria o dono da Empório Bethaville empunha um pedaço de madeira e sai correndo atrás do cliente, gritando. Ele tropeça e cai no chão. Tudo acontece na frente de uma viatura da Polícia Civil que está estacionada na frente do comércio. Dois homens que estão juntos ao carro oficial parecem ajudar o comerciante descontrolado, tentando contê-lo, embora não seja possível afirmar se a dupla seria formada pelos agentes responsáveis pela viatura parada. Um outro homem, aparentemente amigo do cliente, filma a cena e vira também alvo da fúria de Mazzafiori e de seu empregado.
“Não filma”, grita o funcionário, enquanto o dono ameaça de morte os dois, de forma direta e objetiva. “Eu vou matar essa cara, ele não sabe quem ele é”, diz, sendo contido pelos homens que não se sabe se são policiais civis. Vendo que está sendo filmado, ele parte ainda para cima do outro cliente.
Histórico de problemas
A ‘ficha corrida’ da Bethaville nos mecanismos de análise de estabelecimentos na internet é longa. Há 10 anos, em 2014, a padaria já registrava. Mazzafiori, diz um cliente no TripAdvisor, teria sido grosseiro e truculento ao ser questionado sobre pratos ressecados ou muito passados. Ele teria dito “para chegarem mais cedo”, que aí sim a comida estaria boa.
Já a primeira reclamação por uso de computadores, tablets e celulares é de 2018. No reclame aqui, clientes protestavam por conta da norma insólita, assim como devido ao tratamento grosseiro e agressivo do proprietário. As reclamações demoram até três anos para serem respondidas e as desculpas para tal ‘norma’ são as mais variadas, desde a de que ‘não existe essa norma’ até uma versão de que os clientes consomem pouco e permanecem muito tempo ocupando o local usando os dispositivos, comprometendo a rotatividade do comércio.
Em 2015, um empresário que mantém escritório na região diz no TripAdvisor que tentou fazer reuniões de network no estabelecimento, mas que na segunda ida à BethaVille praticamente foi expulso de lá com agressividade pelo dono, o que o fez optar por uma padaria concorrente que fica nas proximidades. Há muitos outros comentários e reclamações parecidas nesses sites.
Veja os vídeos: