Novas informações sobre a inédita fuga da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, um presídio de segurança máxima, circulam nesta sexta-feira (16) nos principais meios de comunicação. Entre as novidades, foi divulgado que um buraco feito em parede da unidade para que a fuga fosse realizada e confirmado que os fugitivos agora estão oficialmente na lista de difusão vermelha da Interpol.
O buraco na parede foi aberto em um local onde havia uma luminária instalada. Uma foto da "obra" foi divulgada pela força-tarefa do Ministério de Justiça e Segurança Pública que está na penitenciária federal para periciar as celas dos detentos fugitivos.
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A equipe examinou roupas, lençóis e objetos deixados para trás. Além disso, pegadas e uniformes do presídio também foram encontradas pela força-tarefa fora da instituição, em área rural de Mossoró, para onde os fugitivos provavelmente foram logo após a fuga. Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, os fugitivos, também foram vistos por moradores de área próxima à penitenciária.
A dupla, como já havia sido divulgado, teve seus nomes enviados para a Interpol na última quarta (14), logo após a fuga, uma vez que existe o temor de que tentem fugir para um país vizinho. A Polícia Internacional confirmou, nesta sexta, a inclusão dos mesmos na sua lista de difusão vermelha, que reúne criminosos procurados internacionalmente.
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"Em casos como esse, há sempre a possibilidade que eles [fugitivos] venham a tentar sair do país. A partir do momento que esses nomes são incluídos nessa difusão [vermelha], nós conseguimos que todos os países que compõe a organização tenham acesso imediatamente a informações", disse Vandecy Urquiza, vice-presidente da Interpol para as América, à Globonews.
Mais de 300 agentes trabalham pela recaptura dos fugitivos.
O que já foi divulgado sobre a fuga
Rogério Mendonça, natural de Rio Branco no Acre, tem 35 anos e estava preso desde setembro do ano passado. Já Deibson, aos 33 anos, também é acriano e chegou ao presídio de Mossoró em 2023. Ambos estavam presos no Estado de origem e foram transferidos para o RN após lideraram uma rebelião que durou mais de 24 horas e terminou com 5 mortos, alguns deles decapitados.
De acordo com a Administração Carcerária do Acre, agentes penitenciários foram feridos durante a rebelião e os presos mortos pertenciam a facções rivais. Uma vez levada a Mossoró, a dupla protagonizou uma inédita fuga de presídio de segurança máxima, na última quarta-feira (14), ao deixaram a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Horas mais tarde, o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afastou a direção da instituição e nomeou o policial penal Carlos Luis Vieira Pires como interventor. Pires é um servidor de carreira. Já dirigiu a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, a primeira de segurança máxima do país. Atualmente era coordenador-geral de Classificação e Remoção de Presos em Brasília.
Sob o comando do interventor, o Ministério então ordenou uma investigação a respeito das fugas. Enquanto agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal tentam recapturar os fugitivos, equipes de investigadores tentam descobrir detalhes da fuga e até a Interpol foi chamada pois existiria o risco de que os criminosos escapem para países vizinhos.
De acordo com informações confirmadas por múltiplos meios de comunicação, os dois fugitivos têm ligações com o Comando Vermelho, importante facção criminosa do Rio de Janeiro, que tem ampliado suas atividades para outros estados, como o Acre. Nesse sentido, a PF também monitora se eles irão procurar abrigo na capital fluminense.
Passo a passo da fuga
Pelo que foi apurado até agora, os dois detentos deram início à escapa por volta das 3h, na madrugada. Eles estavam no chamado RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), um sistema bem mais rígido do que o outro aos quais a maior parte dos presos está submetida na unidade. No RDD, até o banho de sol é separado e os prisioneiros não têm contato entre si.
Os foragidos teriam aberto um buraco na luminária de suas pequenas celas, já que essa parte do teto, ou da parede, não seria de concreto, mas sim de alvenaria comum. Após abrir a passagem, o local atrás da instalação elétrica seria como uma espécie de duto. Eles saíram, então, numa área da penitenciária que está em obras, com máquinas e ferramentas, num local parecido com um pátio.
Separando essa zona em reformas do último trecho antes do alambrado que dá acesso ao mundo exterior, havia placas metálicas finas fechando o recinto. Foi relativamente simples com o uso de alguns apetrechos de construção civil entortar as chapas e conseguir uma brecha por onde um corpo humano passa com facilidade. Os dois aproveitaram para levar alicates e serras de cortar vergalhão.
Já no último trecho, que dá para a grade, eles romperam essa barreira metálica cortando os elos com as ferramentas que pegaram na obra e tiveram acesso à rua. Não se sabe quanto tempo toda a ação durou, mas o fato é que depois disso, nunca mais foram avistados.
O que ainda intriga as autoridades e os policiais que investigam a fuga é como o sistema rígido de monitoramento por câmeras não pegou nada em meio à madrugada, quando esses pátios e locais próximos à cerca deveriam estar vazios. O Ministério da Justiça e Segurança Pública, ainda que não afirme oficialmente, analisa a hipótese de algum funcionário do sistema prisional, ou da obra, ou ainda alguém do lado externo, ter colaborado para a empreitada dos dois condenados.
A Penitenciária Federal de Mossoró
Numa área total de 12,3 mil metros quadrados, o presídio conta com celas individuais de 7 metros quadrados em quatro pavilhões. Cada cela possui dormitório, banheiro, pia e chuveiro, além de uma mesa e uma cadeira. Tomadas e aparelhos eletrônicos não estão permitidos.
Os chuveiros só ligam em horas pré determinadas e câmeras monitoram de perto o movimento dos internos 24 horas por dia. Quando transladados entre suas celas e o pátio para tomar sol ou outras instalações, como enfermaria e solitária, os presos passam algemados todo o trajeto.
Além das celas comuns, há outras 12 celas de isolamento, onde ficam presos recém chegados ou os que são punidos por indisciplina. O presídio também conta com uma biblioteca, parlatório exclusivo para reuniões com advogados e salas destinadas para a participação remota em audiências.