Apenas 76 dos 645 municípios paulistas, ou seja, menos de 12%, estão preparados para lidar com desastres naturais como enchentes. Um estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM) revela que a maioria dos municípios não possui estrutura para monitorar eventos climáticos e nem sistemas de alerta eficientes.
De acordo com a pesquisa, 44% dos municípios não contam com um setor dedicado ao monitoramento de eventos climáticos, e 57% não dispõem de um sistema de alerta eficiente para prevenir e responder a desastres. A organização, responsável pela criação do Consórcio Nacional para Gestão Climática e Prevenção de Desastres (Conclima), afirma que a prevenção de desastres climáticos é uma atribuição compartilhada entre União, estados, Distrito Federal e municípios.
Te podría interesar
O governo do estado divulgou os dados ao anunciar um aporte de R$ 5,5 milhões para o mapeamento de zonas de risco e o desenvolvimento do Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil, com o intuito de adotar soluções preventivas e rápidas diante de desastres naturais.
SP é estado mais vulnerável
O Índice de Vulnerabilidade Climática dos Municípios (IVCM), lançado em novembro de 2023 pela Ação Climática – iniciativa do Instituto Votorantim, Instituto Itaúsa e Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) – destacou que São Paulo possui altos índices de vulnerabilidade relacionados a chuvas intensas.
De acordo com o IVCM, a capital paulista apresenta uma diferença de 22,8 pontos em relação à média das cidades do estado no item “Risco de Inundações, Enchentes, Alagamentos e Enxurradas”. As inundações podem ocorrer em várias partes da cidade, mas os rios Tietê, Pinheiros, Tamanduateí e Aricanduva estão entre os locais mais afetados.
Entre os critérios avaliados, além de "inundações, enchentes, alagamentos e enxurradas", estão "deslizamentos", "risco hídrico (seca)", "queimadas", "prejuízos à agropecuária" e "agravamento de questões de saúde climática". Os municípios recebem uma pontuação de 0 a 100, com valores mais altos correspondendo a maior vulnerabilidade. O subindicador que avalia as ocorrências de desalojamento de pessoas devido a inundações graduais ou bruscas nos últimos quatro anos do município foi classificado como “muito alto” pelo IVCM, o nível máximo da escala.
Falta de luz e enchentes
A tempestade que atingiu São Paulo deixou mais de 2 milhões de casas sem energia em outubro deste ano. O número, por exemplo, foi superior ao registrado na Flórida após o furacão Milton que, no mesmo período, registrou 1,35 milhão de imóveis sem luz, ou seja, a capital paulista concentra 100 mil imóveis a mais sem energia em relação ao estado americano.
O apagão causou um rombo de R$ 1,65 bilhão nos cofres de empresas dos setores de varejo e serviços, segundo estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O cálculo levou em consideração o faturamento perdido desde o início da interrupção no fornecimento de energia. Muitas enchentes foram registradas ao longo do ano