VIOLÊNCIA POLICIAL

PM que lançou rapaz de ponte já matou homem com 11 tiros

Caso registrado por câmera corporal foi arquivado e considerado uma ação legítima por parte do policial. Entenda o que ocorreu

Documento funcional do policial militar Luan Felipe Alves Pereira.Créditos: Reprodução
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O policial militar Luan Felipe Alves Pereira, de 29 anos, que jogou um rapaz de 25 anos de cima de uma ponte num córrego, no bairro Cidade Ademar, na Zona Sul da capital paulista, já tem em sua ficha corrida um outro episódio sinistro. Em 26 de março do ano passado, após perseguir um homem de moto e sem camisa no bairro Piraporinha, em Diadema, ele o matou com 11 tiros.

A ocorrência foi toda registrada pela câmera corporal do soldado, embora as imagens tenham sido apenas disponibilizadas no processo criminal aberto que culminou em arquivamento, sem qualquer condenação ao PM. Ele inicia a perseguição a Maycon Douglas Valério, de 31 anos, que conduzia a motocicleta sem camisa e sem capacete, que se recusa a parar após sinal dos policiais.

Após um breve trajeto, o suspeito larga a moto na via e ingressa correndo numa viela. O soldado Luan vai atrás dele, enquanto seu parceiro fica no ponto em que ele deixou a motocicleta da polícia. Mais à frente, ele alcança Maycon, que teria deixado cair um revólver. O processo arquivado a pedido do Ministério Público diz que o homem aparentemente tenta recuperar a arma e que, então, são ouvidos 11 tiros da arma do PM, embora ela tenha admitido que disparou 12 vezes. O laudo diz ainda que dois outros ruídos são ouvidos, mas que não é possível dizer se seriam de tiros e se, em caso positivo, seriam da arma que estaria com o motoqueiro perseguido.

O fato é que os 11 tiros acertaram Maycon, a maior parte no peito e dois deles no rosto. No boletim de ocorrência, o PM afirma que apenas “agiu revidando a injusta agressão”, relatando ainda que, como o suspeito estava vivo, providenciou socorro para levá-lo ao hospital.

No processo que correu na Justiça de São Paulo, e que se encerrou em janeiro deste ano, o arquivamento da ação foi solicitado pelo promotor João Otávio Bernardes Ricupero, ao considerar que os fatos que envolveram o homicídio “foram esclarecidos”.

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