Após um mês suspenso no Brasil, o X foi liberado nesta terça-feira (8) pelo ministro Alexandre de Moraes. A decisão ocorreu após a empresa de Elon Musk atender às exigências do Supremo Tribunal Federal (STF), como a indicação de um representante legal e o pagamento de R$ 28,6 milhões em multas.
No dia 20 de setembro, o X anunciou oficialmente a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição como sua nova representante legal no país. O serviço, suspenso em decorrência de decisão judicial, foi restabelecido e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) será notificada para que determine às prestadoras de serviços de internet a liberação do acesso à plataforma.
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Estima-se que cerca de 20 milhões de brasileiros utilizavam a rede social antes do bloqueio. A partir das 19h desta terça, alguns usuários já conseguiam acessar suas contas, mas muitos outros enfrentaram instabilidades e dificuldades para carregar a plataforma completamente, indicando que a normalização do serviço pode levar algumas horas, isto é, o retorno do X não é imediato, pois depende do trabalho de mais de 20 mil provedores de internet.
Segundo Edgard Piccino, analista de dados da Fórum, isso é o que acontece após a liberação de uma rede social no país.
“Existem muitos provedores e operadoras no Brasil, algumas conseguem liberar o acesso aos endereços IPs bloqueados de maneira rápida, enquanto outras podem demorar um pouco mais devido a procedimentos internos ou ajustes técnicos específicos de cada empresa”, disse.
Clientes da Claro foram os primeiros a perder o acesso à versão desktop da plataforma, enquanto usuários da Vivo e de outras operadoras enfrentaram problemas tanto no app quanto na versão para computador. Devido a um drible de Elon Musk, os usuários obtiveram acesso parcial e não autorizado à plataforma na semana passada por causa do uso de outro provedor, a Cloudflare. A ministra Carmen Lúcia comentou sobre o caso durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. "Num estado soberano, todos nós cidadãos e todos aqueles que atuam aqui tem que cumprir a lei do país. É assim em todo lugar. O Brasil não é menor, o Brasil não é quintal de ninguém, é um estado soberano que precisa ter o seu direito respeitado", afirmou.
Piccino também alerta que a volta do X/Twitter pode aumentar ainda mais o discurso de ódio e o extremismo online, que durante o bloqueio já havia se intensificado. “Isso pode impactar negativamente na violência simbólica e na disseminação da desinformação”, declarou o analista de redes.
De acordo com ele, é preciso que o Judiciário "monitore constantemente a rede, já que se sabe que a moderação interna é ineficaz, além de haver muitos indícios de que o algoritmo é orientado para dar mais visibilidade à extrema direita", acrescenta ao se referir à falta de uma regulamentação das redes sociais no país para controle de conteúdos tóxicos e fascistas.