QUALIDADE DE VIDA

Cidade com maior proporção de indígenas do Brasil tem a pior qualidade de vida

O município, que tem os menores indicadores de progresso social do país, é também o mais jovem (seu ano de fundação é 1995)

Parque Nacional de Roraima.Créditos: Erick Caldas Xavier via Flickr commons
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Cercado por reservas e parques nacionais, Uiramutã, município do estado de Roraima mais ao norte do país (na fronteira com a Guiana e a Venezuela), é um lugar rico em paisagens naturais e áreas de conservação. Seu nome, de origem indígena, quer dizer "local de espera de aves". 

No censo do IBGE para 2022, a população de Uiramutã somava 13.751 habitantes e tinha a média de idade mais jovem do Brasil: metade de seus habitantes tinha menos de 15 anos de idade à época da realização do censo. 

Além de ser, ele mesmo, um dos municípios mais jovens do país (fundado apenas em 1995), Uiramutã é também o “mais indígena” em proporção de habitantes: mais de 95% dos seus moradores são autodeclarados indígenas.

Essa cidade, no entanto, foi considerada a pior do Brasil em qualidade de vida pelo Índice de Progresso Social (IPS), também medido em 2022. 

De acordo com o IPS, a pontuação de Uiramutã é 37,63, de um total de 100. Isso significa que o acesso a serviços para a manutenção de necessidades humanas básicas é, no mínimo, precário.

O Índice — que considera serviços como a cobertura vacinal (contra poliomielite), hospitalizações por condições sensíveis à atenção primária (como hipertensão ou diabetes) e a mortalidade infantil — pontuou o município com 42,34 (de 100) no âmbito de “necessidades humanas básicas”. 

Mas a pontuação mais preocupante é a da moradia, que mede a coleta adequada de resíduos, a presença de energia elétrica e a estrutura das casas (como a qualidade de paredes e pisos); nesse âmbito, o município pontuou apenas 10,47. 

As pontuações mais altas, por sua vez, são avistadas na área de qualidade do meio ambiente (que pontua 59,85 de 100) e em segurança pessoal — que inclui homicídios e assassinato de jovens —, com a pontuação de 65,83. 

A segurança pessoal é um dos fatores que mais pesam no Brasil, o país com maior número de pessoas insatisfeitas com a própria segurança, de acordo com dados Ipsos coletados para 30 países.

Outro aspecto em que a cidade pontuou mal foi no acesso a ferramentas de informação e comunicação (12,39 de 100): a cobertura de internet móvel no município está marcada como fraca, bem como a densidade de telefonia móvel.

No entanto, Roraima não é o estado que pior pontua no IPS como um todo: essa posição é do estado do Pará, também ao norte do Brasil, que concentra o maior número de cidades com baixa pontuação

Já o melhor estado do Brasil para se viver é São Paulo — apesar de sua capital, a cidade de mesmo nome, não ser a melhor no ranking

Os dados do IPS mostram que a melhor capital do Brasil para se viver é Brasília, no DF.

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