MAGUILA

Filho gay de Maguila faz homenagem emocionante: "me aceitou e respeitou"

Ex-boxeador já deu 'aula' sobre homossexualidade na televisão; presidente Lula lamenta morte: "Um dos maiores"

Maguila e o filho Junior Ahzura.Créditos: Reprodução/Instagram
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O filho caçula de Maguila, Junior Ahzura, é artista visual e assumiu nas redes sociais no ano passado ser homossexual, preto e gordo. Cinco dias antes da morte de Adilson Maguila, Ahzura prestou uma homenagem ao pai em seu perfil no Instagram. Em um vídeo, o ex-pugilista aparece comentando sua visão sobre a homossexualidade em uma entrevista antiga. Na época, Júnior, ainda criança, não imaginava que se identificaria como gay no futuro. 

Maguila, em suas falas, comentou sobre homossexualidade, com a presença do jornalista Leão Lobo, voltou a bombar nas redes. A razão foi a resposta moderna e livre de preconceito do ex-lutador a respeito da situação:

“Para mim, esse negócio de homossexualismo é para quem sabe ler e quem inventou esse nome científico. Eu não tenho estudo. O homem, o 'viado' não é uma doença. Ele nasceu com o dom de ser 'viado' e de transar com homens. Então, não acho que seja uma doença. A pessoa já nasceu com esse dom”, disse em 1992: "A gente não pode ser contra".

Maguila disse ainda que “quando Deus põe o filho dele na Terra, todos nós temos um destino. Leão Lobo já teve esse destino, que ele não vai dizer que começou depois de grande. Ele começou desde pequeno já tinha um jeitinho. Então, Deus que fez ele assim e a gente não pode ser contra”, concluiu.

Relembre vídeo

Gay, preto e gordo

A lição mais valiosa que Maguila legou a seu filho Júnior foi a importância de enfrentar a vida e os preconceitos. As palavras simples do ex-boxeador ecoam nas batalhas diárias de Júnior, que, como um lutador, encara de frente os desafios de ser um homem negro, gay e gordo em uma sociedade estigmatizante. Com dois diplomas universitários e uma mente inquieta, Júnior encontrou na internet um espaço para compartilhar suas descobertas e inspirar outras pessoas. 

No podcast Gordosfera, ele narra sua jornada pessoal, desde a descoberta da própria sexualidade até a construção de uma identidade forte e autêntica. A história de Júnior é um exemplo de como o amor e o apoio familiar são fundamentais para superar preconceitos. “Sempre fui um gordinho viado, era nerd também, ainda sou. Mas fui uma criança viada. Eu era muito gay e desde pequeno. E me zoavam muito porque eu era gordo, e depois porque eu era uma bichinha e minha voz não tinha engrossado como a dos outros meninos", contou Ahzura.

“Orgulho ter um pai que sempre me aceitou e respeitou! Mais que um herói nacional, meu pai!"

O pai foi seu defensor e companheiro em todos os momentos, inclusive nas várias ocasiões em que o racismo aparecia. "Tive uma infância meio pública e privada. Meu pai é o Maguila, um dos maiores pugilistas do país, eu tive privilégios sociais e econômicos, sou fruto de uma relação inter-racial e sempre estudei em escolas particulares", inicia: "Estudei numa universidade tradicional, dentro de uma aristocracia imensa em São Paulo e no meu grupo de amigos tinha muitos bolsistas do Prouni. Uma vez, um colega veio me questionar se eu era bolsista. Eu disse que não e quis saber o porquê da pergunta. Ele disse que, como meus amigos eram da periferia e bolsistas, eu também poderia ser. Mas insisti na pergunta. Aí ele falou: 'É só olhar pra você, seu cabelo é duro”.

Daquele ponto em diante, o ativismo por meio da arte se intensificou. Além de seu trabalho no podcast Gordosfera, ele é membro do coletivo Adiposa Facção e leciona no Instituto Moreira Salles, em São Paulo.  “Já nasci grande. Sou filho de uma mulher branca relativamente alta. Meu pai, um homem negro de 1m88, com porte físico largo. Todo mundo esperava um bebezão. E eu fui muito bem acolhido nessa família”, disse.

Lula faz homenagem

Nesta quinta-feira (24), a morte do ex-lutador de boxe José Adilson Rodrigues dos Santos levou à manifestação de pesar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em uma publicação nas redes sociais, Lula destacou a trajetória de Maguila e o definiu como “um dos maiores atletas do boxe brasileiro”.

“Os brasileiros se despedem hoje do grande lutador Maguila, que nos deixou aos 66 anos. Nascido José Adilson Rodrigues dos Santos, Maguila foi um dos maiores atletas do boxe brasileiro e o nosso mais importante boxeador peso-pesado, acumulando inúmeras vitórias nos ringues e popularizando o esporte”, escreveu o presidente, no post.

“Multicampeão, venceu a maioria das lutas que disputou e conquistou o público com seu grande carisma. Após aposentar as luvas, chegou a lançar um álbum de samba, demonstrando seu amor pela nossa cultura popular. Meus sentimentos e um abraço a toda sua família, amigos e admiradores”