Estudos internacionais sobre interrupções no fornecimento de energia revelam uma disparidade significativa entre a cidade de São Paulo e municípios italianos atendidos pela Enel. Enquanto clientes de cidades italianas como Nápoles, Turim e Florença, sob a responsabilidade da E-Distribuzione, subsidiária da Enel para distribuição de energia, experimentam uma média de apenas uma hora de interrupção anual, os paulistanos enfrentam um período consideravelmente mais longo, totalizando seis horas e 47 minutos.
Essa diferença representa um aumento de cerca de cinco vezes na duração das interrupções. A disparidade na duração dos apagões não se restringe a São Paulo. Em Santiago, capital do Chile, onde a Enel também opera, os clientes enfrentam quase três horas de interrupção anual devido a problemas na rede. Quando questionada sobre essas diferenças, a empresa atribuiu as variações às características específicas das redes de distribuição em cada cidade, reafirmando seu “compromisso” com todos os consumidores.
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De fato, uma das principais diferenças reside na infraestrutura: enquanto cerca de 20% das redes em cidades italianas e em Santiago são subterrâneas, em São Paulo esse percentual é de apenas 6%, com a rede aérea predominando. Essa característica torna a rede paulista mais vulnerável a eventos climáticos, como tempestades e ventos fortes.
Poda de árvores não foi feita
A queda de árvores foi um dos principais fatores que levou ao apagão, que jogou na escuridão milhares de paulistanos durante dias seguidos. Segundo dados da própria Prefeitura de São Paulo, através do seu canal oficial de atendimento, a cidade tem uma fila de 1,9 mil pedidos de podas ou remoções de árvores pendentes, isto é, que não foram atendidos. Os dados são todos do primeiro semestre deste ano.
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Mais uma vez é a própria gestão de Nunes que registra a própria incompetência. Desde a noite de sexta-feira (11) foram registradas 386 ocorrências de queda de árvores e galhos. Apenas 40% das remoções foram resolvidas até esta segunda-feira (14), mais uma vez segundo a própria prefeitura.
Para realizar uma comparação precisa da qualidade do fornecimento de energia elétrica, foi utilizado o Saidi, um índice internacional que mede o tempo médio de interrupção por cliente em uma determinada área. Esse indicador é calculado dividindo o tempo total de interrupções pelo número total de clientes.
No Brasil, o indicador equivalente é o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora), adotado pela Aneel. Em 2023, o DEC nacional indicou quase 10 horas e 24 minutos de interrupção por cliente, enquanto a área de concessão da Enel em São Paulo registrou 6 horas e 47 minutos. É importante destacar que a cidade possui cerca de 2.600 quilômetros de rede subterrânea, onde as interrupções são em média duas horas menores.
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Em relação a outros países
Ao comparar a qualidade do fornecimento de energia elétrica com outras grandes metrópoles do mundo, São Paulo apresenta resultados variados. Enquanto a cidade supera algumas capitais de países emergentes, como Nova Délhi e Cairo, que registram respectivamente quatro e cinco dias de interrupção por ano, fica atrás de importantes centros urbanos asiáticos e europeus.
Tóquio e Seul, por exemplo, apresentam índices extremamente baixos, com menos de 20 minutos de apagões anuais, graças a investimentos contínuos em modernização e expansão da rede subterrânea. Cidades como Xangai, Paris, Londres e Berlim também possuem indicadores muito inferiores a São Paulo, com menos de uma hora de interrupção anual.
Na América Latina, a capital paulista perde para a Cidade do México, que apesar de ter uma rede predominantemente aérea, assim como São Paulo, registra um número menor de apagões. Buenos Aires, por sua vez, apresenta um índice ainda mais elevado, com sete a oito horas de interrupção anual.
*Com informações da Folha de S.Paulo