O Ministério Público Federal abriu, nesta quinta-feira (18), um inquérito para investigar possíveis abusos da rede social Kwai no Brasil.
A plataforma de origem chinesa é acusada de promover conteúdos e perfis falsos para impulsionar visualizações e o engajamento de seguidores. De acordo com o MPF, “há indícios de que postagens na rede com informações inverídicas e apelativas sejam produzidas não por usuários regulares do Kwai, mas pela própria plataforma — diretamente ou por meio de empresas de publicidade por ela contratadas, sem qualquer identificação de sua origem”.
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O MPF iniciou o inquérito através de uma denúncia anônima recebida pelo órgão, e afirma ela que coincide com notícias veiculadas recentemente na imprensa sobre a estratégia que o Kwai estaria adotando no Brasil.
Os relatos apontam para práticas possivelmente abusivas da plataforma, com potencial de configurar violação dos direitos fundamentais à informação qualificada e à segurança nas relações de consumo, além de eventualmente abalar a confiança da sociedade no processo democrático.
A investigação do MPF vai seguir por três eixos:
- Suposta criação de perfis falsos de órgãos e autoridades públicas brasileiras no Kwai, como se fossem páginas oficiais;
- Possível produção e circulação de notícias falsas na rede social, sobretudo durante a eleição de 2022, com a finalidade de aumentar sua audiência;
- Hipótese sobre se o Kwai buscou elevar o engajamento de usuários por meio da veiculação de vídeos contendo atos de violência contra mulheres e exposição indevida de crianças e adolescentes.
Ao instaurar o inquérito, o MPF também cobrou informações da Joyo Tecnologia Brasil Ltda, que representa o Kwai no Brasil, e de empresas de publicidade que teriam produzido conteúdos desinformativos ou apelativos a serviço da plataforma desde 2022.
O órgão espera que tanto o Kwai quanto as empresas parceiras prestem esclarecimentos sobre contratos firmados e mantenham mensagens, gravações, documentos, vídeos postados e quaisquer outras evidências relacionadas às condutas que agora estão sob apuração.
Por fim, o MPF afirma que o caso do Kwai terá uma abordagem inédita ao investigar, pela primeira vez, uma plataforma digital que estaria atuando não como intermediária, mas como autora de conteúdos falsos e apelativos com o objetivo de expandir sua audiência e obter maiores lucros.
Além do inquérito do MPF, o órgão informa que, desde 2021, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão já conduz uma apuração sobre a postura de outras sete plataformas digitais: YouTube, TikTok, Instagram, Facebook, X (antigo Twitter), Whatsapp e Telegram. Elas são acusadas de omissões no combate à desinformação e à violência digital.
Kwai e BBB
A empresa é uma das patrocinadoras do Big Brother Brasil 24 (BBB24), responsável pela dinâmica “Turbinada do Líder”.