A história tem, pelo menos, duas pontas absurdas. A primeira delas é que existem inúmeras pessoas que são fãs de Suzane von Richthofen, condenada em 2006 a quase 40 anos de cadeia por mandar matar os próprios pais. A segunda é que ela os engana.
Como forma de ressocialização, Suzane abriu seu próprio negócio. Ela passou a customizar sandálias, confeccionar bolsas, capa para computadores e até estofados. Sua lojinha tem sede em Angatuba, no interior de São Paulo, e foi batizada com o fofo nome de “Su Entrelinhas”. Ter um emprego ou ocupação fixa é requisito obrigatório da Lei de Execução Penal (LEP), para se manter no regime aberto.
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O segredo do sucesso de Richthofen, segundo a página de e-commerce, é que, pasmem, “todos produtos são produzidos à mão com muito amor e carinho pela Su. Por isso as encomendas demoram até 15 dias para chegar. Mas vale muito a pena esperar”.
Segundo informações da coluna True Crime, do Globo, para conseguir clientes, ela abriu perfis nas redes sociais e conquistou mais de 50 mil seguidores só no Instagram em menos de um ano. Os clientes, que na verdade são fãs da criminosa, encomendam artigos com a assinatura de Suzane e chegam a pedir autógrafos nas embalagens. Cada produto segue em embrulhos especiais e acompanhados de uma etiqueta cor-de-rosa com motivos infantis.
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Desmascarada
Tudo ia bem até um mês atrás. Suzane costumava postar vídeos customizando chinelos e manuseando agulhas manuais e máquinas de costura automáticas. Ela também postava imagens na agência dos Correios de Angatuba para provar que estava trabalhando duro. Seus produtos eram enviados da cidadezinha com cerca de 25 mil habitantes até para Itália e Japão. Os clientes chegavam a responder: “As sandálias de Su são ótimas para o verão italiano”, escreveu uma consumidora de Milão.
Até que Suzane foi desmascarada por uma cliente. Assim que engravidou do atual marido, o médico Felipe Zecchini Muniz, de 40 anos, há sete meses, ela se mudou de Angatuba para Bragança Paulista com ele.
A gerente financeira Pamela Siqueira, de 34 anos, moradora de São Paulo, fez uma compra na lojinha. No dia 7 de dezembro de 2023, ela adquiriu um par de sandália havaianas customizada com pedrinhas e miçangas, um modelo, chamado “sereia”, por R$ 178 reais, já com o frete incluso. O fato é que, nessa época, Suzane já havia se mudado, mas a encomenda chegou na casa de Pamela, no dia 3 de janeiro de 2024. De acordo com a etiqueta dos Correios, a sandália foi enviada da Rua Espírito Santo 214 – Centro – Angatuba – SP. A distância entre esse endereço e Bragança Paulista, onde Suzane fixou residência, é de 270 quilômetros.
Quem estava fazendo os trabalhos no lugar de Suzane era uma equipe de três costureiras comandadas pela sua ex-cunhada, Josiely Olberg. Ela se apresenta como assistente pessoal da egressa de Tremembé e administradora das redes sociais da ex-detenta. As duas passaram o réveillon juntas na casa de Suzane, em Bragança Paulista.
Medo de Suzane
Pamela fez uma reclamação no Instagram onde se dizia enganada, mas apagou em seguida. “Me senti ludibriada duas vezes. Primeiro porque achava que a encomenda chegaria antes do Natal. Segundo porque ela não customizou a sandália, como havia dito. Mas resolvi apagar a queixa porque tenho medo da Suzane. Até porque ela tem o meu endereço, né?”, disse Pamela ao GLOBO.
Ela também diz que não é fã da Suzane. “Acompanho tudo sobre esse caso porque gosto de true crime e adoro uma investigação”, justifica.
Com informações da coluna True Crime