DÍVIDAS FICARAM

Morre Edemar Cid Ferreira, ex-banqueiro que colecionava obras de arte

Fundador e responsável pela falência do Banco Santos ganhou notoriedade nos anos 2000 quando passou 89 dias preso

Créditos: Reprodução YouTube
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O ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira morreu neste sábado (13), aos 80 anos, na cidade de São Paulo. Ele era conhecido por fundar,  controlar e falir o extinto Banco Santos, por ser colecionador de arte e ter uma luxuosa mansão no Morumbi, bairro da zona oeste de São Paulo.

Cid Ferreira morreu enquanto dormia, devido a um problema cardíaco. Ele deixa uma esposa e três filhos.

Rombo bilionário

Fachada Banco Santos

O ex-banqueiro ganhou notoriedade nas manchetes do Brasil durante os anos 2000, em razão da intervenção do Banco Central no Banco Santos, desencadeada por um rombo de R$ 2,1 bilhões (valor da época) nos cofres da instituição.

Em 12 de novembro de 2004, o Banco Central interveio no Banco Santos após constatar violações de normas financeiras, incluindo o não recolhimento do compulsório, levando à liquidação do banco, então o 21º maior do país, em 4 de maio de 2005.

Cid Ferreira tentou reverter a decisão judicial com a justificativa que a falência se deu por inadimplência de empréstimos. Ele e 18 ex-dirigentes foram acusados de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e gestão fraudulenta pelo Ministério Público Federal.

Prisão e espiritualidade

Prisão em 2006??????

Em maio de 2006, o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira foi preso por 89 dias, período no qual se dedicou à espiritualidade, frequentando cursos de diversas religiões, sem se filiar a nenhuma.

Segundo um advogado, Edemar estava afastado da religião desde a adolescência. No cárcere, ele se ocupou com leituras e trabalho na lavanderia do presídio.

Mansão milionária

Reprodução redes sociais

 

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Reprodução redes sociais
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Em 2020, sua luxuosa mansão no Morumbi, construída entre 2000 e 2004 e avaliada em R$ 140 milhões, foi vendida em leilão judicial por R$ 27,5 milhões.

A casa, projetada por Ruy Ohtake e decorada pelo estadunidense Peter Marino, abrigava diversas obras de arte e pertencia à massa falida do Banco Santos.

Nos primeiros dois leilões, não houve compradores. No terceiro, em maio de 2019, houve um arremate por R$ 23,3 milhões, mas o comprador não pagou dentro do prazo.

O quarto leilão resultou em uma venda por R$ 9 milhões, que não foi aceita pelo juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho. O imóvel, com 8.000 metros quadrados de terreno e 4.100 metros quadrados de área construída, contava com duas galerias de arte, biblioteca e heliponto.

A mansão de Edemar Cid Ferreira tinha banheiros de vidro com tecnologia de mudança de cor e elevadores pneumáticos, além de mármores importados da França.

Em 2020, cerca de 2.000 peças de arte do empresário, apreendidas pela Justiça, foram leiloadas para pagar os credores do falido Banco Santos.

Cid Ferreira tentou cancelar o leilão dessas obras, alegando desvalorização do conjunto. A coluna de Monica Bergamo revelou que, em outubro do ano anterior, surgiu uma disputa sobre a administração dos bens da massa falida, que incluía a penhora de 50% do shopping Eldorado para quitar parte dos R$ 2,1 bilhões devidos, decisão que estava sujeita a recurso.

Credores

Os advogados do Grupo Veríssimo, segundo maior credor do Banco Santos, informaram que o valor de R$ 2,1 bilhões da dívida foi revisado pelo Judiciário, restando um saldo atual de R$ 120 milhões.

Em dezembro, a Justiça de São Paulo autorizou o Grupo Veríssimo a pagar essa dívida, encerrando uma longa disputa e possibilitando o acerto com outros credores. Espera-se que a Justiça aprove o leilão de cerca de R$ 500 milhões em créditos pendentes, com interesse de vários bancos.

Edemar Cid Ferreira, que tinha um apartamento de 3.000 metros quadrados na Praia Grande vendido por R$ 78 milhões, passou a viver modestamente com a ajuda de amigos.

Ele se mudou para uma casa vizinha à sua antiga mansão no Morumbi, pertencente a Zizinho Papa. Lamentava a deterioração da mansão e passava horas observando-a da piscina da nova residência.

Edemar tentou provar que o Banco Santos tinha mais créditos a recuperar do que dívidas, mas não conseguiu comprovar isso, mantendo uma relação tensa com o administrador judicial, Vânio Aguiar.