INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

7 de Setembro: 5 mitos sobre a Independência do Brasil

Quadro "Independência ou Morte" ajudou a construir um imaginário popular repleto de erros e meias verdades

Obra 'Independência ou Morte' está exposta no Museu do Ipiranga
Obra "Independência ou Morte" está exposta no Museu do Ipiranga.Obra "Independência ou Morte" está exposta no Museu do IpirangaCréditos: Reprodução/Commons
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Nesta quinta-feira (7), comemora-se a Independência do Brasil. Pela construção do imaginário da população brasileira, a história do 7 de Setembro é narrada com pompas e superlativos, mas não condiz com a realidade. A Revista Fórum elenca cinco mitos sobre a Independência do Brasil. 

A data comemorativa é cercada de mistérios, mentiras e meias verdades entrelaçados na sua história, cada qual com suas diferentes versões. Nos mas de 200 anos de independência brasileira, informações foram descobertas, enterradas, fundadas e sofreram intervenções públicas.

O quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo, é um exemplo de como a arte serviu de canal para retratar figuras marcantes na memória do brasileiro. De acordo com o artista, "a realidade inspira, e não escraviza o pintor".

Trazido de Florença para o Brasil em 1888, a obra exibe o pouco comprometimento do autor com a transposição da veracidade na tela. A partir deste quadro, é possível encontrar erros e histórias mal contadas sobre a Independência do Brasil, naquele 7 de setembro de 1822.

Os cinco erros

É narrado que, em 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, Dom Pedro I teria declarado a independência do Brasil por meio de uma frase: "Independência ou morte!". O português estaria em cima de um cavalo e rodeado de homens.

  • Cavalo: segundo a historiadora e escritora Lilia Schwarcz, Pedro Américo retratou D. Pedro I sobre um cavalo, embora soubesse que viagens de longa distância fossem feitas no lombo de burros. Para de deslocar na Serra do Mar, mulas eram o principal meio de transporte.
  • Roupas: o jornalista Laurentino Gomes, autor do livro "1822", mostra que o imperador não estava com as vestimentas de príncipe real. Na verdade, D. Pedro I vestiu-se como um tropeiro, os viajantes e comerciantes que percorriam trajetos longos entre os séculos 17 e 20, no Brasil.
  • Dor de barriga: o monarca também estava com uma indigestão no dia da Independência, causada pela suposta contaminação da água ou alimento armazenados, conforme as informações de Gomes. A responsável por um estabelecimento em Cubatão preparou um chá de folha de goiabeira, remédio ancestral usado no Brasil contra a diarreia. "A ação do chá apenas aliviou temporariamente as dores do príncipe, mas deu-lhe ânimo para prosseguir a viagem", conta a obra.

"Testemunha dos acontecimentos, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, subcomandante da guarda de honra e futuro barão de Pindamonhangaba, usou em suas memórias um eufemismo para descrever a situação do príncipe. Segundo ele, a intervalos regulares D. Pedro se via obrigado a apear do animal que o transportava para ‘prover-se’ no denso matagal que cobria as margens da estrada."

Laurentino Gomes, em 1822

  • Paz: outro mito é o da pacificidade da declaração de independência. Ao contrário do que é transmitido, houve derramamento de sangue e conflitos armados no Pará – com a revolta da Cabanagem, que teve ? da população da província morta – e na Cisplatina.  A própria declaração foi uma tentativa de conter as manifestações de descontentamento com a conjuntura política brasileira.
  • Ideia de D. Pedro I: o imperador não foi quem teve a ideia de declarar a independência do país. Este entendimento foi documentado por sua esposa e primeira imperatriz brasileira, D. Maria Leopoldina. Em 2 de setembro de 1822, ela aconselhou o então príncipe regente a proclamar a Independência do Brasil.
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