A cidade de São Paulo e diversas regiões do Brasil estão enfrentando uma onda de calor excepcional que tem atingido recordes históricos de temperatura para o mês de agosto. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), São Paulo poderá registrar nesta quarta-feira uma temperatura de 33°C, marcando a mais alta para o mês desde 1963, ou seja, há 60 anos.
O meteorologista Fábio Luengo, da Climatempo, explica que essa onda de calor é resultado da combinação de uma grande massa de ar quente e seco sobre o Brasil, influenciada pelo fenômeno El Niño e pelas mudanças climáticas globais. "Esse nível de calor durante o inverno é altamente atípico, considerando que as temperaturas geralmente são mais baixas nessa estação, com médias de 20 a 25 graus, principalmente nas regiões Sul e Sudeste", diz Luengo.
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A onda de calor não se restringe apenas a São Paulo, mas está afetando diversas regiões do país. Segundo as previsões da Climatempo, as temperaturas estão previstas para atingirem 34ºC em Brasília, 37ºC em Campo Grande e impressionantes 42ºC em Cuiabá. As regiões Sudeste e Centro-oeste devem sentir os efeitos mais intensamente, com máximas perto ou acima de 40ºC em vários pontos.
Calor temporário
O especialista também ressalta que essa onda de calor é temporária. Uma nova frente fria está prevista para chegar no final da semana, trazendo alívio nas temperaturas, principalmente para as regiões Sul e Sudeste. Essa mudança climática está sendo acompanhada pela Defesa Civil do Estado, que emitiu alertas para risco elevado de incêndios em matas e florestas devido às altas temperaturas e baixa umidade do ar.
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No entanto, é importante ressaltar que a frente fria também trará chuvas e temporais, principalmente em Santa Catarina, Paraná e São Paulo. A chegada da nova frente fria será acompanhada por uma queda acentuada nas temperaturas, podendo levar a mínimas bastante baixas e à possibilidade de formação de geada.
Neste cenário, a cidade de São Paulo e várias outras regiões do país estão se preparando para enfrentar condições climáticas extremas, com recordes de calor históricos para o mês de agosto e a expectativa de mudanças drásticas nas temperaturas nos próximos dias. A população está sendo alertada a tomar medidas para se proteger do calor intenso, como manter-se hidratado, evitar atividades físicas ao ar livre nos horários mais quentes e tomar precauções para evitar incêndios.
A Febre dos Oceanos
Julho de 2023 ficará marcado como o mês mais quente da história. A NASA convocou duas coletivas de imprensa recentes para abordar as consequências do aumento das temperaturas em todo o globo. Cientistas de diferentes disciplinas e centros de pesquisa da NASA expressaram preocupações acerca das altas temperaturas e suas implicações.
Um dos cientistas proeminentes da agência, Carlos Del Castillo, chefe do Laboratório de Pesquisa Oceânica do NASA Goddard Space Center, declarou: "Os oceanos estão com febre." Essa observação ressalta a gravidade do aquecimento global e suas consequências sobre os ecossistemas marinhos. O aquecimento dos oceanos afeta não apenas a biodiversidade marinha, mas também os recifes de coral, que enfrentam um nível de estresse sem precedentes. Del Castillo enfatizou que "25% das espécies marinhas estão relacionadas de alguma forma com os recifes de corais e estes não estão preparados para viver em oceanos com temperaturas tão altas."
Carlos Del Castillo alertou para a convergência do fenômeno El Niño com o efeito estufa, intensificando ainda mais o aquecimento global. Enquanto há um foco crescente na responsabilidade das grandes corporações e indústrias, o papel dos indivíduos na mudança de comportamento também é vital. Del Castillo destacou que ações cotidianas, como reciclagem, adoção de veículos elétricos e uso de fontes de energia limpa, têm impacto relevante na mitigação das mudanças climáticas.
Questionado sobre o atual cenário e as tendências futuras, Del Castillo não hesitou em expressar preocupação e desapontamento com a inação das gerações atuais diante das evidências claras sobre as mudanças climáticas. "A história não vai nos julgar bem", afirmou ele, reforçando a urgência de ação imediata para evitar consequências irreversíveis.
Enquanto as temperaturas continuam a subir e as evidências se acumulam, a NASA alerta que a situação atual é parte de uma tendência observada nas últimas quatro décadas. É crucial que indivíduos, governos e empresas atuem agora para reverter esse curso preocupante e garantir um futuro habitável para as próximas gerações.