Nesta sexta-feira (18), o Brasil registrou mais uma morte de uma liderança quilombola. Dessa vez, Maria Bernadete Pacífico, coordenadora Nacional da CONAQ e liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares na Bahia, foi executada a tiros dentro de seu território. Ela é a 30ª vítima de um tipo de crime que assusta famílias de quilombos há anos.
Desde 2013 a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) tem o registro de 30 execuções de quilombolas. Segundo a entidade, a maioria das vítimas era liderança e grande parte dos assassinatos aconteceram dentro dos quilombos e com uso de armas de fogo, sem que as vítimas tivessem chance de defesa.
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De acordo com o coordenador da CONAQ, Biko Rodrigues, os ataques estão relacionados ao racismo fundiário e ao conflito de terras. “Existe uma disputa por terra muito ferrenha na qual nós, negros e negras, apesar de estarmos nos territórios há mais de 400 anos, temos o direito à terra negado. Isso é fruto do racismo fundiário que existe no país e esse racismo é responsável por deixar pessoas longe da terra”, explicou em entrevista ao site oficial do órgão.
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Rodrigues também afirma que o impacto sobre as famílias e as comunidades é imensurável.
“O caso de Mãe Bernardete se junta a esses assassinatos que estão sem resolução nenhuma. Essa situação é muito grave. 30 pessoas tiveram as vidas ceifadas ao longo dos anos. Queremos cobrar do Estado brasileiro uma posição. Não dá para o Sistema de Justiça ignorar as violências que acontecem nos territórios quilombolas”, diz.
Os estados com mais registros de assassinatos são Bahia (11), Maranhão (8) e Pará (4).
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou, em nota, que integrantes dos governos federal e estadual se reuniram, na manhã desta sexta-feira (18), para estabelecer ações conjuntas a serem tomadas diante da morte da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico.