O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), anunciou a construção de um muro para dividir a Linha Vermelha, trecho de entrada à capital para quem vem do aeroporto Galeão, e o Complexo da Maré. Com 30 centímetros de espessura, o objetivo do muro é garantir a "segurança" de todos que passam pela pista, segundo o político.
O projeto de esconder as favelas do Rio de Janeiro dos turistas é antigo. Em 2016, durante as Olimpíadas, painéis foram colocados para camuflar as demandas sociais da cidade.
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Vereadora e Secretária de Meio Ambiente e Clima do Rio, Tainá de Paula (PT) relembrou, em suas redes sociais, as críticas em 2016.
“Naquele momento, já criticávamos essa forma de olhar para a cidade, escolhendo garantir que quem passa pelas favelas tenha seu conforto, enquanto não leva o básico para as comunidades e periferias, não as colocando no lugar de pertencimento à cidade”, disse.
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Ela também reforça que ao invés de adotar políticas públicas de melhoria de vida para moradores de comunidades, Castro prefere esconder os problemas sociais da cidade - o que não é novidade, visto que a postura adotada pelo governador sempre foi de violência em relação às favelas.
Durante seus dois mandatos, Cláudio Castro foi responsável por três das cinco operações policiais mais letais da história do estado: no Jacarezinho, em 2021, que deixou 28 mortos e se consagrou como a maior chacina do Rio de Janeiro; no Complexo do Alemão, em 2022, que deixou 18 mortos; e este ano na Vila Cruzeiro, com 24 mortos.
“Quando Castro resolve colocar um muro na Linha Vermelha para proteger aqueles que passam pelo Complexo e mantém uma política violenta com a PM dentro das favelas, ele nega o direito à cidade ao corpo favelado”, manifestou a vereadora.
A jornalista e moradora da Maré, Gizele Martins, chamou o projeto de Castro de “muro da vergonha” e “muro do apartheid carioca”.
“O racista do governador quer completar o que o tal prefeito fez décadas atrás. Quer construir mais muros pra esconder pobre, negro e favelado”, publicou em suas redes.
Complexo da Maré
Com mais de 135 mil moradores, segundo o censo populacional da Maré, é o 9° maior bairro do Rio, formado pelas favelas: Marcílio Dias, Praia de Ramos, Roquete Pinto, Parque União, Parque Rubens Vaz, Nova Holanda, Parque Maré, Nova Maré, Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro, Bento Ribeiro Dantas, Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiros, Salsa e Merengue, Vila do João e Conjunto Esperança.
“São 16 comunidades com pessoas que constroem esse espaço. Com vidas, sonhos e muita luta por uma cidade onde elas pertencem e que devem ter o direito de vivenciar”, disse Tainá. Ela finalizou afirmando que “é urgente construir um Rio que também seja feito para os corpos favelados”.