ASSÉDIO SEXUAL

Santuário de Aparecida: expulsão de padre esloveno paralisa obras de mosaicos

As acusações foram feitas por um homem e ao menos 20 mulheres por crimes cometidos entre 1980 e 2018

Mosaicos da fachada da entrada da Basílica de Aparecida, concluída e inaugurada em 2022Créditos: Reprodução/Twitter/ Padroeira
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O padre esloveno Marko Rupnik, responsável pelas obras de revestimento da Basílica de Aparecida, foi expulso da Companhia Jesuíta do Brasil nesta segunda-feira (24). Com a decisão, a conclusão das obras dos mosaicos no maior templo católico do Brasil está indeterminada. As obras estavam em andamento desde 2019.

"As obras de revestimento da Basílica de Aparecida são uma concepção e execução de mosaicistas do Centro Aletti. Como o padre é membro desta instituição, o Santuário Nacional acompanha com atenção o caso e aguarda orientações da Igreja para suas definições", disse o Santuário Nacional ao G1.

Denúncias de assédio

Em investigação por denúncias de assédios sexuais e psicológicos, os jesuítas já haviam proibido Rupnik de realizar obras públicas em fevereiro deste ano. As acusações foram feitas por um homem e ao menos 20 mulheres por crimes cometidos entre 1980 e 2018.

Na ocasião, os jesuítas sugeriram que o padre, de 68 anos, mudasse para outra comunidade e aceitasse uma nova missão, mas ele recusou. Diante disso, a ordem religiosa o demitiu em junho e abriu um período de um mês para contestação do caso. Rupnik, no entanto, não o fez.

"Passados os trinta dias previstos para que ele possa recorrer dessa decisão da Companhia, de acordo com as novas normas canônicas a respeito, podemos declarar hoje que ele não é mais um religioso jesuíta", diz trecho da carta de expulsão.

O Centro Aletti, fundado pelo padre esloveno, anunciou que a decisão de desligamento de Rupnik era baseada em campanha midiática baseada em acusações difamatórias e não comprovadas.

"Oferecemos uma última oportunidade como jesuíta para fazer as pazes com o seu passado e dar um sinal claro aos muitos feridos que testemunharam contra ele, a fim de para entrar no caminho da verdade. Perante a reiterada recusa de Marko Rupnik em obedecer a este mandato, infelizmente só nos restou uma solução: a demissão da Companhia de Jesus"

Companhia Jesuíta do Brasil

As obras de Aparecida

Desde 2019, as obras de revestimento – quatro mosaicos de enfeite da fachada, que somam 15 mil metros quadrados – estavam sob a responsabilidade de Rupnik. Com a proibição de envolvimento em obras públicas, em fevereiro de 2023, a situação das obras na Basílica de Aparecida entrou em impasse. A Igreja tomará novas decisões com a expulsão do padre.

As obras no Santuário estavam previstas para levar oito anos, com conclusão em 2027. Porém, os atrasos por causa da pandemia e a paralisação das obras indefiniu as datas de conclusão.

A fachada da entrada, que retrata cenas bíblicas em quatro mil metros quadrados, foi concluída e inaugurada em 2022. A inauguração da fachada sul, também concluída, depende da finalização das obras na Arcada dos Apóstolos, que é executada ao lado. As outras duas fachadas estão programadas na sequência.