As inteligências artificiais têm deixado todos espantados com sua capacidade. Contudo, ainda é possível dar de cara inúmeros erros e imprecisões. Foi o que aconteceu com um médico, que chegou até mesmo a processar a empresa responsável pelos danos causados. Entenda o caso.
Um médico foi equivocadamente associado a mais de 100 casos de assédio por erro da inteligência artificial do Bing, buscador da Microsoft. Com quase 40 anos de carreira, o profissional nunca havia sido sequer denunciado junto ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo).
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Bing é uma ferramenta de busca da Microsoft que, desde março, vem usando um chatbot para responder às buscas do seu usuário. Para isso, o buscador foi integrado ao ChatGPT, inteligência artificial capaz de gerar conteúdos.
O médico decidiu processar a Microsoft e ganhou. O caso talvez seja a primeira ação que responsabiliza uma empresa por erros provocados por IAs. Veja como foi o processo.
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Informações erradas
Quem descobriu o erro foi o próprio médico, ao buscar seu nome no chatbot do Bing. Os dados são gerados pelo próprio sistema a partir do índice de interesse do buscador, o ranqueamento de sites e resultados de pesquisa. Ele funciona da mesma maneira que o ChatGPT da OpenIA, que oferece respostas automatizadas.
"Quando as pessoas buscam por um profissional da área da saúde, é comum que pesquisem o nome dele na internet em busca de referências. Nesse contexto, basta imaginar o que causaria no paciente ao se deparar com uma informação inverídica dessa gravidade a respeito do profissional procurado. É um absurdo. Quase acabou com uma carreira", contou Guilherme Bagagli, advogado do médico.
O médico era responsável por apurar as denúncias contra profissionais no Cremesp. Por esse motivo, em uma entrevista dada em 2023, ele informou que havia mais de 100 investigações de assédio sexual em andamento em São Paulo. A inteligência artificial relacionou as informações de maneira equivocada e imputou as acusações ao profissional.
O processo
O médico processou a Microsoft, dona do Bing, pelo erro. O juiz Jayter Cortez Júnior, da 7ª Vara Cível de Bauru, determinou, em 15 de junho, a exclusão da associação do médico aos casos de assédio, em um prazo de 48 horas, sob pena de R$5 mil.
A indenização pedida foi de R$60 mil reais. Contudo, o valor ainda será discutido ao longo do processo e pode mudar. A responsabilização da empresa, por sua vez, já foi confirmada em decisão.
"Aparentemente o site de pesquisa não se limita a coletar e reproduzir, com fidedignidade, informações criadas por terceiro, para se cogitar de responsabilidade exclusiva destes, mas altera equivocadamente a informação lançada em matéria jornalística, em exercício de inteligência artificial", disse o juiz na decisão.
Com informações do UOL