TERROR NAS ESCOLAS

Clima nas escolas é "aterrorizante", diz deputada, presidenta da Apeoesp, que não mandou filha à escola

Em entrevista ao Fórum Café, professora Bebel lembra o discurso de ódio perpetrado por Bolsonaro durante a pandemia que influenciou a cabeça de jovens.

Professora Bebel em discurso na Alesp.Créditos: Divulgação/Alesp
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Presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo de São Paulo (Apeoesp), a deputada estadual Maria Izabel Azevedo Noronha, a professora Bebel (PT-SP), classificou como "aterrorizante" o clima nas escolas nesta quinta-feira, 20 de abril, quando extremistas responsáveis por ataques às instituições lembram o massacre de Columbine, que ocorreu em 1999 nos EUA, e o aniversário do líder nazista Adolph Hitler.

Em entrevista a Mauro Lopes, no Fórum Café, Bebel afirmou que não enviou a filha, Manu, de 13 anos, à escola nesta quinta, como fez muitos pais, diante dos rumores de possíveis ataques.

"A insegurança é geral. Tivemos uma audiência pública na segunda-feira com representantes do MEC, estudantes, pais e a sociedade nessa plenitude para pegar esse sentimento que já tínhamos como forma de mobilização e de buscar respostas", disse Bebel, que elogiou a ofensiva coordenada por Flávio Dino, ministro da Justiça, que já resultou na prisão e apreensão de mais de 300 suspeitos, entre adultos e adolescentes, de planejar ataques a escolas.

No entanto, Bebel diz que não mandou a filha para a escola justamente pelo clima de insegurança que paira em razão dos ataques recentes, como o que ocorreu em uma creche em Blumenau, que deixou 4 crianças mortas.

"Uma das coisas que falei na tribuna ontem foi: quando vai acabar essa insegurança da gente mandar o filho para a escola e não sabe se vai voltar? O professor não sabe se volta", afirmou.

"Se tem uma coisa que não combina com escola é violência. Na escola nós trabalhamos com um processo civilizatório, com a relação interpessoal. Mas, a violência pula o muro, ela sai de fora e pula o muro das escolas", emendou, lembrando os recentes ataques.

"Eu já dizia isso durante a pandemia. Quando sairmos desse processo que passamos, vamos sair com sentimento de tristeza, pois ouvimos a palavra morte por 3 anos consecutivos, um presidente que não tinha nenhum primor pela vida e ao mesmo tempo incitava muito ódio, o armamento. Em vez de plantar amor, plantou ódio num momento em que a sociedade estava de luto. E tudo isso introjeta de maneira muito negativa na cabeça de nossos jovens", diz Bebel.

Assista à entrevista.