Em meio à força-tarefa que vem sendo encapada pelo governo Lula para enfrentar a onda de ataques violentos a escolas, a Justiça Federal do Espírito Santo, atendendo a um pedido da Polícia Federal, deu um prazo de 24 horas, a partir desta quarta-feira (19), para que o aplicativo Telegram entregue dados grupos e de pessoas suspeitas de planejarem ou incentivarem atos do em instituições de ensino.
Caso o Telegram não cumpra a decisão, o aplicativo poderá ser penalizado com sua suspensão no Brasil - isto é, o sistema ficará fora do ar, a partir de notificação a ser feita junto às operadoras de internet. A determinação vem após a Polícia Federal alegar que a empresa está se recusando a fornecer essas informações, que são essenciais para as investigações que visam interromper a onda de violência.
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A PF pretende, ao acessar esses dados, identificar grupos, boa parte deles neonazistas, que estariam utilizando o aplicativo para incentivar crianças a participarem dos atos de terrorismo nas escolas ou mesmo gerar pânico.
O ultimato ao Telegram vem na véspera de um a data considerado cabalística para os incentivadores de ataques em escolas. O dia 20 de abril gera uma série de preocupações sobre a possível ocorrência de novos atos violentos pois representa não apenas o aniversário de Adolf Hitler, o ditador nazista alemão cultuado em muitos dos grupos que incentivam tais ataques, mas também o massacre de Columbine, nos EUA, que há 24 anos foi o primeiro ataque a escolas, no mundo, a ganhar uma ampla proporção midiática.
Operação
Na véspera do dia 20 de abril, dia em que extremistas celebram o massacre de Columbine, ocorrido em 1999, e o aniversário do líder nazista Adolph Hitler, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou o desencadeamento de uma operação em cinco estados para prevenir ataques às escolas.
"Operação Escola Segura cumprindo mandados hoje em 5 Estados. Agradeço às polícias civis que estão atuando em rede com o Ministério da Justiça, para que tenhamos maior eficácia nas ações preventivas e repressivas", tuitou Dino na manhã desta quarta-feira (19).
Por conta do crescente número de ataques e de ameaças em razão da data, escolas estão cancelando aulas e muitos pais não pretendem enviar os filhos para as aulas nesta quinta-feira (20).
Nesta terça-feira (18), Dino recebeu uma comitiva de Blumenau que incluía pais de crianças assassinadas no ataque que deixou 4 mortos e 5 feridos em uma creche da cidade no dia 5 de abril. A comitiva levou propostas pedindo penas mais rigorosas aos autores dos massacres.
Em reunião com o presidente Lula, representantes do judiciário e dos governos estaduais e municipais, Dino apresentou dados da operação Escola Segura, que já resultou na prisão ou apreensão de 255 adultos e adolescentes nos últimos 10 dias.
“Quando nós olhamos uma situação em que 225 prisões e apreensões isso permite de modo de muito eloquente e cabal, dimensionarmos que não são casos isolados. Na verdade, é uma rede criminosa, estruturada. Sabe Deus com quais parâmetros ou com quais expirações para poder recrutar a nossa juventude para o mal”, disse o ministro.
Segundo relatório apresentado pelo MJSP, um dia depois do ataque de Blumenau, tinha-se uma média de 400 denúncias por dia, chegando depois a uma média 1700 denúncias por dia, e agora, nos últimos 2 dias houve uma queda de 170 denúncias por dia, envolvendo também denúncias no site e na identificação de perfis na internet.