As três estudantes da universidade particular Unisagrado, de Bauru (SP), que debocharam de uma colega de faculdade por ter mais de 40 anos cometeram crime e podem responder na Justiça pelo episódio.
O vídeo em que as três colegas fazem troça com a colega mais velha viralizou e causou indignação nas redes sociais.
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Veja os crimes abaixo:
- Injúria: que é ofender a dignidade ou a honra de alguém. A pena pode ser de detenção, de um a seis meses, ou multa.
- Difamação: que é ofender a reputação de alguém, mesmo que o fato seja verídico. A pena pode ser de detenção de três meses a um ano, e multa.
- Violência psicológica: que é causar dano emocional à mulher mediante constrangimento e ridicularização, entre outros pontos. A pena é de reclusão de seis meses a dois anos e multa.
Relembre o caso
Três estudantes de biomedicina da Unisagrado publicaram vídeo na última sexta-feira (10) no Twitter, que teve milhões de visualizações. Nele, uma delas ironiza: “Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?”. Logo depois, outra responde: “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. “Realmente”, concorda a terceira.
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A estudante que grava o vídeo diz a seguir: “Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade. Eu tenho essa opinião”. Elas chegam a dizer que a mulher “não sabe o que é Google”.
Veja abaixo:
No mesmo dia, estudantes manifestaram apoio à aluna, Patrícia Linares, e entregaram flores, cartas e chocolate a ela.
"Brincadeira de mau gosto"
Uma das universitárias agressoras disse ao g1 no sábado (11), que ela e as amigas estão arrependidas do que falaram e que o vídeo foi uma "brincadeira de mau gosto".
Ela contou que as imagens foram postadas inicialmente no "close friends" do Instagram (recurso que permite que o usuário selecione seguidores específicos), mas acabou saindo da roda de amigos e viralizou.
"Nunca foi na intenção de dizer que pessoas de mais idade não podem adquirir uma graduação, pois não tenho esse pensamento. Foi uma fala imprudente e infeliz que tomou uma proporção que não imaginávamos", disse.
A vítima, que cursa o primeiro ano da faculdade, preferiu não dar entrevista por enquanto.
Sobrinha da vítima
A sobrinha da vítima se manifestou uma rede social sobre o episódio:
“Ela sempre teve o sonho de estudar e nunca teve oportunidade. Hoje, ela conseguiu entrar em um curso que ela sempre quis e estava muito feliz e animada para começar as aulas, e daí surgem três meninas que só vivem na própria bolha, gravando vídeo zombando pela minha tia ser a mais velha da turma”, disse.
Nota da universidade
A Unisagrado publicou uma nota na rede social horas depois, em que afirma não compactuar com qualquer tipo de discriminação e que acredita que “todos devem ter acesso à educação de qualidade, desde pequenos até quando cada um quiser, porque educação é isso: autonomia”.
A publicação também diz que “as oportunidades não são iguais para todo mundo em todos os momentos da vida. Sabemos, por exemplo, que os pais, muitas vezes, abrem mão da sua formação para oferecer as melhores oportunidades para seus filhos e, somente depois, optam por se profissionalizarem”.
A assessoria da universidade disse ao g1 que está tomando medidas em relação às universitárias envolvidas no caso. "Mas por respeito a todos os envolvidos estamos trabalhando no âmbito institucional e não divulgaremos", disse.
Secretário Nacional da Pessoa Idosa se manifestou
O Secretário Nacional da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, soltou um víde nas redes em que também se manifestou sobre o caso:
Aprendizagem ao longo da vida é um dos pilares para o envelhecimento ativo! Nunca será tarde para começar, para ainda fazer o que se quer, para exercer sua autonomia e aproveitar o momento que as oportunidades chegam.
Que todo mundo pode aprender no convívio com pessoas mais velhas. Que 40 anos é uma idade assim como outras. Ganha quem quer trocar saberes e vivências com essas pessoas! E já passou da hora de mudar a intensidade, a forma e a naturalização da discriminação a partir da idade.
Com informações do g1