SOB INVESTIGAÇÃO

História confusa: Veja as 2 hipóteses investigadas para o sequestro de Marcelinho

Ex-jogador foi levado para cativeiro junto com mulher casada e apareceu em vídeo dizendo que foi pego pelo marido dela. No entanto, a coisa parece não ser tão simples

Marcelinho Carioca no cativeiro e, depois, na viatura da PM.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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A história do sequestro do ex-jogador Marcelinho Carioca, que libertado na tarde desta segunda-feira (18), parece cada vez mais confusa e a Polícia Civil de São Paulo investiga duas hipóteses para o crime. O ídolo do Timão foi levado após assistir a um show de pagode na Neo Química Arena, estádio do Corinthians, que fica em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, no início da noite de sábado (16). Seu carro foi encontrado abandonado e destravado no dia seguinte, numa rua do município de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.

Nesta segunda (18), os sequestradores divulgaram um vídeo em que Marcelinho aparece com o olho roxo, junto com uma mulher casada, dizendo que tinha um relacionamento com ela, e que como o marida da moça teria descoberto, os dois teriam sido então sequestrados por ele, ou a mando dele. A mulher também fala no registro feito pelos bandidos e confirma a história da traição.

1ª hipótese analisada pela Polícia Civil de SP

De fato, a Divisão Anti-Sequestro (DAS) da Polícia Civil de São Paulo vê essa versão, do adultério, como uma hipótese plausível, embora enxergue vários pontos que claramente “não batem”. O marido da mulher, identificado pelo apelido de Márcio do Beco, é um comerciante muito conhecido em Itaquaquecetuba. A esposa dele teria trabalhado muito tempo com Marcelinho Carioca na prefeitura daquele município, já que o ex-craque foi secretário de Esportes lá. Marcelinho e Márcio do Beco, inclusive, se conheciam bem. O fato de o vídeo ter sido gravado com uma “confissão” que aparenta ser fruto de uma coação e divulgado nas redes depois que o caso ganhou repercussão nacional também é algo que não faz sentido para os investigadores, uma vez que o suposto autor do crime nessa versão (Márcio do Beco) estaria se incriminando e liberando as duas vítimas, o ex-jogador e a própria esposa, para denunciá-lo às autoridades.

Márcio do Beco também já havia postado imagens da esposa nas redes sociais afirmando que ela estava desaparecida e disse em entrevista para o apresentador Luiz Bacci, da Record TV, que não tem qualquer relação com o crime cometido contra ela e o “pé de anjo”. Ele teria, inclusive, se apresentado voluntariamente numa delegacia para prestar depoimento e reiterar que não faz ideia de como e por que o tal sequestro teria ocorrido, assim como desconhece por qual razão sua mulher foi parar no cativeiro junto com Marcelinho.

A proximidade da mulher e do marido, Márcio do Beco, com Marcelinho, assim como o vínculo de trabalho entre o ex-jogador e esposa do comerciante na prefeitura de Itaquaquecetuba, foi confirmada por uma prima dela, que gravou um vídeo para explicar tudo. Pelos elementos apresentados até agora, todos se conheciam muito bem e não haveria muito sentido para Marcelinho dizer no vídeo que “se envolveu com uma mulher casada, mas sem saber disso”.

2ª hipótese analisada pela Polícia Civil de SP

Os investigadores analisam também uma segunda possibilidade para o crime que passa por um sequestro real. Embora não fique claro por que a mulher de Márcio do Beco estaria com Marcelinho no momento de uma abordagem realizada por criminosos, ainda que pudesse estar pegando uma carona, ou algo do tipo, a polícia acredita ser muito plausível que os bandidos tenham levado os dois para passar a pedir um resgate para o boleiro. Com a repercussão do ocorrido e ao descobrirem que a mulher era casada, já que os sequestradores poderiam ter perguntado quem era ela, os autores do rapto teriam então obrigado os dois a contarem a estranha história da traição, responsabilizando o comerciante marido dela, para despistar as autoridades, já que na sequência liberaram Marcelinho e ela sãos e salvos.

O que causa mais estranheza em que investiga o caso é o vídeo em que as duas vítimas nitidamente parecem coagidas a falar e a “entregar” justamente o autor do crime. Não faz sentido, dizem os investigadores, um autor de sequestro mandar suas vítimas acusá-lo e depois tornar essa informação pública.