INSATISFAÇÃO

Enem 2023: Bancada ruralista pede anulação de questões por críticas ao agronegócio

Frente Parlamentar da Agropecuária alegou "cunho ideológico" em perguntas sobre desmatamento, agrotóxicos e conflitos no campo

Enem 2023.Créditos: Paulo Pinto/Agência Brasil
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A bancada de parlamentares ruralistas, por meio de nota da Frente Parlamentar da Agropecuária (FBA), pede a anulação de três questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado neste domingo (5). A FBA alega “cunho político” nas perguntas que criticam o avanço do agronegócio pela Amazônia e Cerrado.

De acordo com a organização, “as perguntas são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica e permite que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista”. A FPA também acusa as perguntas de “negacionismo científico” e afirma que a anulação é “indiscutível, de acordo com literaturas científicas sobre a atividade agropecuária no Brasil e no mundo, em respeito à academia científica brasileira”.

A Frente ainda pede a convocação do Ministro da Educação, Camilo Santana, para audiências na Câmara dos Deputados e Senado Federal;

As questões criticadas são  a  “89, 70 e 71 do ENEM 2023”. No entanto, nas fotos das questões divulgadas no site do FPA, duas estão repetidas (71 e 70). As provas do Enem são divididas em quatro cores de cadernos, em que as questões são ordenadas de formas diferentes. No site, a pergunta sobre corrida espacial (71 do caderno branco) não é citada

Os enunciados criticados, segundo a nota, são os que abordam o avanço da cultura da soja e o desmatamento na Amazônia e os fatores negativos do agronegócio no Cerrado, como a "superexploração dos trabalhadores" e as "chuvas de veneno" (uma referência ao uso de agrotóxicos).

Questões 70, 98 e 71 (repetida) do Enem 2023 - Foto: FPA

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) também emitiu uma nota repudiando as perguntas do ENEM.

"É muito triste ver como o nosso agro foi agredido sem nenhuma justificativa por aqueles que deveriam elaborar questões que avaliem somente conhecimento e não ideologia. Não concordamos com esse tipo de abordagem ideológica e queremos uma retratação do Ministério da Educação (MEC). Estamos abertos para debater os temas citados no Enem, desmistificando essas inverdades e pautando os assuntos com embasamento científico e nos resultados de pesquisas sérias feitas por grandes instituições brasileiras", destacou Tirso Meirelles, vice-presidente da FAESP.