RESPOSTA DA INSTITUIÇÃO

Unifesp se pronuncia sobre paralisação no campus de Diadema

Instituição declara respeito às decisões dos estudantes e reafirma comprometimento com o diálogo

Mobilização estudantil cobra melhorias na Unifesp.Créditos: Reprodução/Instagram
Escrito en BRASIL el

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) se pronunciou sobre a paralisação no campus Diadema, decretada na última terça-feira (21). Com início na quarta-feira (22) e previsão de fim para o dia 28 deste mês, a paralisação reivinidica melhorias em uma série de problemas estruturais que acompanham o campus por anos.

Em nota de esclarecimento sobre a situação do campus Diadema, a Reitoria da Unifesp, as pró-reitorias e a direção do campus declaram que "respeitam as decisões tomadas pelos(as) estudantes e se mantêm abertas ao diálogo e comprometidas a realizar as ações encaminhadas nas reuniões".

"Em relação ao campus Diadema da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a instituição esclarece que a Reitoria e as pró-reitorias estão acompanhando as questões apresentadas pela mobilização dos(as) estudantes, em conjunto com a direção acadêmica do campus, promovendo diálogo e uma série de ações de curto, médio e longo prazo", diz a instituição.

Leia a nota na íntegra:

"Esclarecemos que a Unifesp é uma universidade que compõe o sistema federal de universidades públicas brasileiras e atualmente é composta por sete campi e que realiza sua gestão político-pedagógica e administrativo-financeira de forma descentralizada.

Em relação ao campus Diadema da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a instituição esclarece que a Reitoria e as pró-reitorias estão acompanhando as questões apresentadas pela mobilização dos(as) estudantes, em conjunto com a direção acadêmica do campus, promovendo diálogo e uma série de ações de curto, médio e longo prazo.

Buscando manter a transparência permanente com a comunidade acadêmica do campus Diadema, foram realizadas duas reuniões entre a direção, a gestão central da Universidade e a comunidade local, respectivamente nos dias 16 e 21 de novembro. Já em 17 de novembro ocorreu uma reunião emergencial da Comissão Local de Alimentação, com a presença da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Políticas Afirmativas (Praepa). Além disso, houve a instalação de um grupo de trabalho permanente entre gestores e representantes estudantis para discutir as questões de Infraestrutura apresentadas pelos(as) estudantes.

Em relação às demandas referentes à alimentação oferecida no restaurante universitário, a direção do campus comunicou que já existe um processo para licitação e contratação de um novo fornecedor de restaurante e cantina. Além disso, eventuais falhas cometidas pela empresa são notificadas e, nos casos cabíveis, penalizadas, com base nos termos previstos em contrato.

No que diz respeito à falta de energia, a Pró-Reitoria de Planejamento informou que houve a queima de equipamentos da cabine primária do edifício de acesso, provavelmente ocasionada por oscilação na rede externa, muito comum na região. Enquanto as peças eram adquiridas, um gerador adicional foi contratado para manter o fornecimento de energia.

Em relação aos conteúdos que seriam abordados nas aulas canceladas em razão da falta de energia, houve reunião entre a Pró-Reitoria de Graduação e a Câmara de Graduação do campus, que decidiu pela reposição pelos(as) docentes responsáveis, de modo a garantir o cumprimento do planejamento previsto nas unidades curriculares.

Por fim, a Reitoria da Unifesp, as pró-reitorias e a direção do campus declaram que respeitam as decisões tomadas pelos(as) estudantes e se mantêm abertas ao diálogo e comprometidas a realizar as ações encaminhadas nas reuniões e, em conjunto com as demais Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), a recomposição do orçamento para 2024 junto ao Governo Federal e aos(as) parlamentares, com o compromisso permanente de lutar pela universidade pública, gratuita, laica e de qualidade para todos(as)."

O que a paralisação reivindica

Os estudantes da Unifesp Diadema convivem com problemas estruturais que acompanham a universidade há anos: carência de infraestrutura, sistema de transporte precário, desafios na permanência estudantil e qualidade na alimentação oferecida no restaurante universitário.

Com mais de 950 votos contabilizados em votação na assembleia geral estudantil, estudantes decretaram paralisação de uma semana e indicativo de greve para o início do próximo semestre. "Esse é um dos momentos mais importantes da recente história do nosso campus", escreveu a Liga Acadêmica da UNIFESP Diadema (LAUD), que reúne seis centros acadêmicos da faculdade.

O movimento reivindica por uma série de melhorias nos seguintes pontos:

Infraestrutura

De acordo com Tarciso Galli, estudante de graduação em Ciências Ambientais na Unifesp Diadema, a universidade passa por dificuldades com a infraestrutura apesar de conclusão de reforma prevista para 2020:

  • Falta de energia elétrica: cancelamento frequente de aulas por problemas no chaveamento interno;
  • Falta de água;
  • Ventilação insuficiente: falta de ventiladores e ar condicionado;
  • Queda do teto: aulas ministradas em container;
  • Falta de rampas de acesso;

Permanência estudantil

O elevado índice de evasão é apontado como um dos principais resultados da falta de políticas de permanência estudantil aos estudantes do campus Diadema:

  • Valores de auxílio insuficientes para que os alunos possam se manter na universidade;
  • Valores do auxílio referente à 2023 não recebido por alunos que teriam o direito;
  • Falta de moradia estudantil prevista no Plano Diretor do campus;

Transporte

O transporte é um dos principais obstáculos para a plena formação acadêmica dos estudantes da instituição, dividido em três unidades –Complexo Didático, Prédio de Vidro e Eldorado. O deslocamento entre elas é realizado por meio de micro-ônibus popularmente denominados como "businhos". 

Tarciso Galli comenta que o estado de manutenção dos veículos é bastante precário: "Os businhos apresentam problemas como buracos no acabamento interno… A pouca frequência com que rodam faz com que, frequentemente, a superlotação coloque nossa integridade física em risco", declara. Ele exemplifica com uma contagem feita por alunos que registrou 75 pessoas em um percurso realizado do Eldorado para o Complexo Didático.

As disciplinas de campo – nas quais os estudantes visitam locais para transposição didática entre o que é visto nas aulas e o que poderá ser aplicado pelo futuro profissional – têm constantes dificuldades com a condição do transporte. No dia 13 de novembro, um ônibus tinha apenas duas marchas em funcionamento, o que colocou a segurança dos passageiros em risco e deixou o trabalho incompleto, conforme relato de estudantes.