Matheus da Silva Rezende, nome de batismo do homem número 2 da maior milícia do Rio de Janeiro, conhecido como Faustão, foi morto na segunda-feira (24) após reagir a uma operação da Polícia Civil realizada em Santa Cruz, na Zona Oeste da capital fluminense. Sua morte provocou o mais devastador caos urbano que a Cidade Maravilhosa viu em todos os tempos, com pelo menos 35 ônibus e um trem queimados e vias interrompidas por toda a metrópole.
Quando Faustão foi morto, ele portava uma pistola automática. Uma Glock, de fabricação austríaca. Essa arma esconde uma história que dá a ideia do tamanho do caos que a segunda maior cidade do Brasil atravessa na área da segurança pública, em situação muito mais crítica que qualquer outro ponto do território nacional.
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A pistola que Faustão portava estava registrada no nome de um policial militar do Batalhão de Choque. O agente, que não teve a identidade revelada, ao que consta, tinha a arma havia algum tempo. O problema é que, um par de horas após a morte do miliciano ao reagir a uma incursão da Polícia Civil, o PM dono da Glock foi a uma delegacia em Teresópolis, na Região Serrana, e registrou uma ocorrência comunicando o “extravio” da pistola.
De acordo com sua versão apresentada ao delegado, a arma “teria desaparecido sem que ele notasse” e ele também “não saberia dizer quanto tempo faz isso”, porque supostamente “não teria dado falta” dela. O curioso é que ele “só teria notado” o desaparecimento da Glock poucos momentos após Faustão ter sido assassinado e estar com ela em punho, atirando contra policiais civis. Por óbvio, o PM disse que sequer imaginava que sua pistola estava com um dos criminosos mais perigosos do país. Dois carregadores com 28 munições também teriam sumido junto com a arma.
A PM do Rio de Janeiro se manifestou dizendo que “a corporação tomou conhecimento do fato e apura, por meio da Corregedoria, as circunstâncias do caso para tomar as medidas cabíveis”. Diante de uma versão tão inacreditável para um fato gravíssimo e que demonstra o nível da degradação do aparato de segurança do Rio, o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco), munido de ordem judicial, foi até a casa do PM e realizou buscas para tentar encontrar algum tipo de prova que o relacione com o crime organizado.