DIA DOS PROFESSORES

Professores: a admiração social pela profissão e a desvalorização da função

A classe de profissionais de ensino está entre as que recebem pior remuneração no país

Créditos: Agência Brasil
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O Dia dos Professores, celebrado em 15 de outubro, sempre é marcado por diversas homenagens à classe de trabalhadores explorados por conta da precarização da educação pública. Os elogios são tantos que, na data, estes são vistos como verdadeiros "heróis". 

Esse discurso tenta camuflar as décadas de lutas e recusas de valorização do serviço prestado pelos professores – mais do que reportagens que enaltecem seu labor, é necessário que haja condições sólidas de trabalho e salários dignos. 

De acordo com um levantamento realizado pela Folha de São Paulo, professores e profissionais de ensino, principalmente aqueles que atuam no ensino básico e fundamental, estão classificados entre as 10 profissões com menores salários no trimestre 2023 no Brasil.

Além disso, a sobrecarga de trabalho e a baixa remuneração parecem ser a receita ideal para o adoecimento mental destes profissionais. Uma pesquisa publicada no livro "Precarização, Adoecimento e Caminhos para a Mudança. Trabalho e Saúde dos Professores", demonstra que o burnout, estresse e a depressão são comumente experienciados por professores da rede pública e privada.

Embora a organização sindical da classe seja bem estabelecida, quando atos de manifestação ou greves, em prol da reivindicação de direitos básicos no trabalho, acontecem, a situação é interpretada como "exagero" por parte dos docentes, denunciando o contraste das visões destes mesmos profissionais, quando comparadas às homenagens de 15 de outubro.

Ao longo dos anos, os professores são cada vez mais desmoralizados socialmente, passando por situações de violência, como foi o caso do ato de 29 de abril de 2015, no Paraná, onde o governo do estado tentou conter os grevistas, que realizavam uma passeata pacífica, com tiros de balas de borracha e com o ataque da cavalaria, deixando dezenas de docentes feridos.

Quanto aos principais obstáculos enfrentados na categoria, além da precarização, há também a privatização e o tratamento da educação como produto, situação levantada em debate pelo Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas), no último mês de junho.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Gilson Reis, explicou como a reforma trabalhista afeta os professores e a falta de recursos financeiro desmobiliza as movimentações consolidadas pela classe, prejudicando o exercício da democracia e ameaçando os direitos já conquistados pelos professores e protegidos pela lei.

"Diversas iniciativas, como o novo ensino médio, as escolas cívico-militares e o homeschooling (educação em casa) convergem para destruir a educação brasileira. [...] A regulamentação da educação privada é necessária no Brasil. A reforma trabalhista foi feita também para destruir as organizações sindicais, que hoje estão passando por dificuldades financeiras. Precisamos encarar tudo com força e abrir um novo ciclo do movimento sindical brasileiro", disse Gilson.