LEVANTAMENTO

Violência contra professores aumenta 20% em 2023, aponta pesquisa

Estudo mostra que oito a cada 10 educadores relatam ter sofrido algum tipo de agressão no ambiente escolar

Pesquisas recentes revelam o aumento de 20% de agressões e violência contra professores e funcionários de escola em 2023.Créditos: Rovena Rosa/Agência Brasil
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A proximidade do dia dos professores nos lembra a série de desafios que os educadores no Brasil enfrentam e que afetam tanto a sua qualidade de vida quanto a sua capacidade de ensinar efetivamente. A educação no Brasil é marcada por descasos, improvisações e explorações da força laboral dos professores. 

Somado a isso, há a falta de atratividade para a profissão, desgaste mental, pouco reconhecimento, arbitrariedades motivadas por questões políticas, entre outros, E há um outro fator que chamou a atenção de todos este ano: o aumento da violência contra os docentes em sala de aula, seja em âmbito verbal, físico ou psicológico. 

A pesquisa mais recente da ONG Nova Escola e do Instituto Ame Sua Mente revela um aumento de 20% de agressões e violência contra professores e funcionários escolares em 2023, em comparação com o ano anterior. A violência no ambiente escolar foi relatada por oito em cada dez educadores.

O estudo também indica que a forma mais comum de violência, representando 76% dos casos, é a verbal. A violência psicológica vem em seguida, com 41% dos casos. Em quase 10% das situações, as agressões são de natureza física.

Os agressores são os próprios alunos em quase 60% dos casos, seguidos pelos pais, que são responsáveis por 31% dos casos. “Ela empurrou as cadeira para cima da gente, para agredir. Meu óculos voou, quebrou, um grupo chamou a polícia para intermediar a situação porque ali era uma ameaça de violência”, disse uma professora da rede estadual de ensino de São Paulo à Band, que preferiu não se identificar por medo. Ela foi humilhada por um aluno e vítima de agressão verbal. Infelizmente, quando ela convocou a mãe dele, a situação se agravou ainda mais.

Segundo o presidente do Instituto Ame Sua Mente, Rodrigo Bressan, “precisamos dedicar tempo e estratégias eficazes, globais para escola inteira, para enfrentar essas dificuldades. Então no Instituto Ame Sua Mente a gente forma os professores para entender mais sobre saúde mental e manejar situações na sala de aula”, afirma.

Quanto às questões políticas, o caso recente é do professor de medicina, Luciano Bezerra Gomes, um respeitado professor do curso de medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) que foi notificado em setembro, acusado de que estaria fazendo propaganda política por ministrar aula usando camisa do Movimento Sem Terra e usar um slide em que aparece a logo do movimento.

No entanto, o professor de medicina tem um projeto de extensão na UFPB que funciona desde 2022, junto aos assentados do MST, aprovado pela própria universidade, não fazendo sentido incriminá-lo pelo uso da camisa em aula.

Em relação às violências físicas, só este ano o país responde por 7 dos 25 ataques às escolas registrados em 2002, sendo entre as vítimas alunos, funcionários e professores. O caso mais emblemático e que chocou o país foi do assassinato da professora de ciências Elisabete Tenreiro, de 71 anos. No dia 27 de abril, ela levou cinco facadas de um estudante de 13 anos, do 8º ano, na escola da Zona Oeste da capital paulista, Escola Estadual Thomazia Montoro.

Quanto às questões psicológicas, no período de janeiro a abril de 2023, um total de 5.178 servidores da educação pública do Distrito Federal, por exemplo, apresentaram atestados médicos. Entre eles, 26,31% se ausentaram para tratar de problemas de saúde mental e 84,4% eram docentes.Tudo isso leva a pontuar que o aumento das violências verbais, físicas e psicológicas no ambiente escolar impactam diretamente a vida e o trabalho desses professores.

“O docente quer trabalhar, mas precisa estar bem. Essa situação só vai melhorar a partir do momento que o governo desenvolver políticas públicas que cheguem a todas as escolas”, lembra em entrevisa ao Metrópoles, o diretor do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Samuel Fernandes.