CONSERVADORES?

Datafolha: Apenas 16% dos brasileiros “não aceitam” homossexualidade

Dados mostram que viés reacionário e ultraconservador do bolsonarismo faz mais barulho do que convence. Cidadãos que dizem que homossexuais devem ser aceitos na sociedade são 79%

Créditos: Associação da Parada LGBT de SP
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Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha neste sábado (4) mostrou que 79% dos brasileiros dizem que a homossexualidade deve ser “aceita”, enquanto o índice daqueles que afirmam que “aceitação” dos homossexuais deve ser “desencorajada” ficou em 16%. No mesmo levantamento, 6% dos entrevistados disseram não saber opinar. A somatória dá 101% porque os números foram arredondados pelo instituto, gerando uma pequenina distorção final.

Os dados revelam que, em relação à última pesquisa, realizada em 2017, houve um avanço na tolerância dos brasileiros em relação ao tema. Há cinco anos, aqueles que aprovam eram 74% e os que reprovavam representavam 19%, descortinando um inequívoco movimento em direção a posições mais progressistas por parte da sociedade do país, o que ficou claro na pesquisa Datafolha que mostrou que 49% da população se identifica mais com a esquerda, contra 33% que se dizem ideologicamente orientados pela direita.

Desde a primeira pesquisa do tipo realizada pelo Datafolha, em 2013, o índice de tolerância em relação à homossexualidade foi de 67% para os atuais 79%, enquanto que os intolerantes diminuíram de 25% para 16%. O avanço em nove anos é significativo num país que registra elevados níveis de crimes de ódio contra a população LGBTQIA+.

Há ainda um recorte geracional e educacional em torno do assunto. Pela idade, quanto mais novo o entrevistado, menor a sua “rejeição” em relação aos homossexuais: 7% entre quem tem de 16 a 24 anos, 12% de 25 a 34 anos, 15% de 35 a 44 anos, 18% para os ouvidos entre 45 a 59 anos e 22% para aqueles com 60 anos ou mais.

 A escolaridade mostra interferência também em relação a essa “opinião”, já entre os entrevistados que têm Ensino Fundamental a “rejeição” é de 22%, passando para 14% entre os que estudaram até o Ensino Médio e chegando a 9% entre os que cursaram Ensino Superior.

O Datafolha, com essas análises de viés ideológico, tem mostrado que o aparente ultraconservadorismo reacionário do bolsonarismo é muito mais um barulho ensurdecedor nas redes sociais do que propriamente um comportamento adotado em geral pelos brasileiros, que na maior parte dos temas vêm se mostrando progressistas e pouco alinhados à pauta de extrema-direita que ganhou espaço na sociedade com a chegada ao poder de Jair Bolsonaro, há mais de três anos e meio.