Pesquisa do Datafolha indica que o perfil ideológico-cultural do país mudou e está superando o tempo da “febre” da extrema direita. 49% da população afirmam identificar-se com a esquerda e a centro-esquerda e 33% anunciam identidade com a centro-direita e a direita; 17% podem ser qualificados como centristas. Isolamento da extrema direita é notável: apenas 9% da população. A Folha qualifica de “direita” a extrema direita, expressão vetada pelo jornal.
A classificação ideológica foi feita conforme a soma da pontuação das respostas das pessoas entrevistas, em uma escala definida pelo instituto que varia entre esquerda (17% da população), centro-esquerda (32%), centro (17%), centro-direita (24%) e direita ou extrema direita (9%). Os valores foram arredondados.
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O resultado é bem diferente do apresentado no último levantamento, em 2017, quando registrou-se um equilíbrio de identificação entre a soma da extrema direita e centro-direita (40%) e esquerda mais centro-esquerda (41%).
O levantamento não é resultado da autodeclaração da pessoa, mas da análise de uma série de perguntas sobre temas de economia, sexualidade, cultura, e itens como “drogas, armas, criminalidade, migração, homossexualidade e impostos”, afirma a Folha de S.Paulo. A análise das respostas está submetida à lógica neoliberal do grupo Folha. As perguntas sobre economia, por exemplo, são claramente enviesadas pela orientação neoliberal. No levantamento identifica-se como “de esquerda" apoio a teses esdrúxulas como “o governo deve ajudar grandes empresas nacionais em risco de falência”.
Se quiser entender melhor, você pode ler uma reportagem sobre a metodologia sob o título “Datafolha desenvolveu método de pontuação para traçar perfil ideológico”.
Algumas respostas à pesquisa indicam a mudança do país:
- Em 2017, 73% defendiam punição a adolescentes infratores como se fossem adultos criminosos; número recuou para 65%;
- Visão de que os sindicatos são importantes para defender os interesses dos trabalhadores subiu de 38% para 47%;
- No que o Datafolha qualifica como “temas de comportamento”, identificação com as teses de esquerda, progressista, saltou 11 pontos entre 2017 (31%) e agora, para 42%. As teses conservadoras da direita recuaram de 47% para 39%;
- Apoio à posse de armas pela população recuou de 43% para 35%; índice de pessoas defensoras de proibição da posse de armas subiu de 55% para 63%;
- 61% são contra a pena de morte, contra 55% em 2017;
- 83% considera que o uso de entorpecentes deve ser proibido, contra 80% em 2017;
O levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-05166/2022 e possui margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou menos.